domingo, 13 de setembro de 2009

Fim de festa

Fatima Dannemann

A fonte secou
O dia nublou
o vento parou
E como num passe
nem tão mágico
tudo ficou mudo
nem um som.
Calou-se a voz que dizia poesias
calou-se a garganta que cantava
a fonte secou...

e por ai, mais adiante,
outros brados de outros bardos
poesia? nem tanto...
calou-se a voz
secou-se a fonte
e o vento jogou as folhas longe

Conto para alguem dormir

Fatima Dannemann

O rato não arranhou
o jarro
e nem a aranha roeu
as roupas da rainha.

O rato se escondeu
nas crateras da lua
que nada mais eram
que buracos
num queijo de Minas.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Verso e reverso do clima que se transforma


Fatima Dannemann
As vezes,
dias de sol nos parecem dias de tempestade.
Enquanto isso:
dias de chuva se transformam em dias iluminados

Versos rasantes

Fatima Dannemann

Meus versos dão vôo rasante
sobre seu retrato.
Palavras e imagens que se cruzam
no universo das idéias.
Minhas palavras planam
sobre seu coração fechado
esperam a hora de pousarem serenas
como um presente
há muito esperado.
Meus versos, como borboletas
que voam sobre flores em um jardim especial,
planam sobre sua fotografia
a espera que seu coração se abra.

Salvador - 4.5.2003

Versos toscos com ares de desabafo

Fatima Dannemann
Perdeu-se em algum lugar
o toque da poesia.
De repente, o poder das palavras
sumiu sem avisar.
Travas,
amarras,
porque são tantas as censuras alheias
que nos bloqueiam a sensibilidade?
Porque não poder quebrar o silencio
gritando: versos, tou dentro!!!
E vejo rostos que desdenham
o que escrevo.
E vejo gente a me dizer:
"pare! eu não gosto de poesia".
E alguem me manda fazer medicina
porque os médicos podem ficar ricos,
ou me candidatar a deputada
e ficar rica com as benesses do congresso...
E vejo faiscantes olhos que me censuram
ao me ver em frente ao monitor.
E eu escrevo escondido.
E eu choro achando que escrever
é pecado...
E eu choro com medo de estar cometendo um crime.
Mas escrevo
Versos toscos com ares de desabafo
e disfarço fingindo ouvir uma velha musica
da idade média
ou fingir que folheio uma revista qualquer
talvez a Caras.
Não!!!
Musas, deuses, duendes, fadas, anjos,
seja lá quem protege as letras,
tome conta de minha alma.
Musas, deuses, duendes, fadas, anjos,
deixe que meu texto corra pelo mundo.
Versos toscos com ares de desabafo
Grito rouco de um poema censurado.
prova de vida num inferno vivo,
Muda conversa como um monólogo,
versos,
versos,
versos que voem, circulem o mundo,
quebrem gelos...
Prova de vida e amor em um meio adverso.
Versos toscos com ares de desabafo
Salvador, 13 de fevereiro de 2004

Vista de longe

Fatima Dannemann
Na televisão
não interessa
se não há buraco na rua
No telescópio
alguem repara
as crateras da lua

Zen-poemeto

Fatima Dannemann
Que seja minimalista
como um jardim zen,
que seja silencioso
como um mosteiro zen,
que seja simples
como um chá zen,
mas que seja intenso

domingo, 23 de agosto de 2009

CANÇÃO DO OCASO - FATIMA DANNEMANN

Fatima Dannemann

Fim de tarde...
Quase noite e o mundo se torna cinza.
Restos da chuva se espalham na calçada,
restos de um dia como qualquer dia
e alguem volta para casa.

Fim de tarde,
o mundo allegro ma non troppo
espera a luz da lua
a banhar a rua
entrecoberta por farois de automóveis
que começam a se acender.

Finda a tarde
e com ela o sol se guarda
no manto violeta que toma conta do céu.
Alguem pára para olhar o crepúsculo,
um único olhar em busca do poente
num horizonte perdido e encoberto
por estruturas de concreto.

Fim. É tarde.
O sol se põe,
a estrela vesper brilha.
O dia termina docemente
como os ultimos acordes de uma sinfonia.
O céu violeta espera a lua.
Restos de chuva na rua.
Farois se acendem nos carros.
Alguem volta pra casa.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

andarilha

Andarilha

Fatima Dannemann

Ando pela estrada,
mochila nas costas,
cheia de sonhos.

O caminho é longo.
Pedregulhos marcam
a rota a seguir.

Procuro um abrigo
na minha viagem.
Pode ser um castelo
ou uma cabana.

Tanto faz.
Vou para qualquer lugar.

No meu mapa,
não há cidades,
nem países ou fronteiras.

No meu mapa
há apenas uma trilha.
Um roteiro
que vou traçando
a cada passo.

Longo caminho.
Árduo, muitas vezes.
Mas continuo
carregando minha mochila
recheada de sonhos.
Minha alma é andarilha.

Pares trocados em desencontros conformados

Fatima Dannemann

Dançam corações e corpos
na pista de dança
como se rezassem
para curar feridas.
Deslizam pela pista
em pares descompassados.
Olhos que buscam outros olhos,
corações que choram
e expulsam
uma ilusão perdida.
Dançam pares trocados,
olhares ímpares e
corações quebrados,
olhares que se cruzam tristes
num baile louco
das desilusões da vida.
E a música prega peças,
como se cupido lançasse setas tortas
e a vida se transforma numa festa doida
onde o amor é uma babel confusa
e não há lugar para sonhos...
Pares dançam em desencontros conformados,
a musica geme como um suspiro triste
amores que chegam e vão embora
numa dança fugaz
e apenas isso.

Salvador - 3.5.2004

resposta à luz do luar

Fatima Dannemann

Não,
não me tente lua...
Eu falei que nunca mais voltaria a escrever poemas
não há lugar para poemas
em minha louca vida pós-moderna.
Não fique ai dançando alva, redonda e bela,
lançando sua luz de prata sobre mim
e me pedindo para
por apenas um minuto
apagar todas as luzes,
sentar no escuro,
acender velas, incensos,
me sintonizar com a poesia e escrever alguma coisa...

Não,
não me tente, lua...
Jamais acertarei a escrever
de novo sequer um verso como os de antes.
Mudou a vida, mudaram-se os momentos...
Jamais conseguirei inspiração
suficiente, lua,
para achar a vida mágica
como eu achava em outros tempos...

Não
não mais poesia, lua,
não mais magia, senhora de todos os mundos,
não mais versos, deusa de lotus branca...
Mesmo descoberta pelas nuvens da incerteza
que enfim te deixam,
mesmo que seus raios
caiam
leves sobre minha cabeça,
ainda que sua luz me abençoe,
mãe de todas as estrelas,
jamais conseguirei ter uma intenção tão pura
como as de outro tempo,
jamais conseguirei escrever versos como antes.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Canto sobre um sentimento especial

Fatima Dannemann

Poetas do mundo
que cantam o amor e traduzem as formas belas
ou suas próprias sensações.
Poetas do mundo
troquem as musas e as motivações
e por um dia, falem sobre o amigo...

Ah, eu sei...
A poesia do amigo esbarra no lugar comum
e todos os poetas se perguntam:
Como falar de amizade
sem repetir frases feitas?
Como falar de amizade
sem parecer redundante?

Não se importem em parecer tolos,
quem ama sempre parece meio bobo
e quem tem um amigo, ama.
E ama de forma intensa.
E ama de forma mais apaixonada que se amasse qualquer musa,
pois um amigo verdadeiro sempre leva a amizade as ultimas consequencias.

Cantem, poetas,
sobre a amizade,
Cantem sobre o que significa dizer a um amigo "eu te amo"
e poder amar de forma livre,
sem egos, sem egoismos...

Cantemos todos, poetas ou leitores,
até os que desdenham a poesia,
cantemos em verso ou prosa.
Ou nem precisamos cantar nada,
a amizade é um sentimento profundo demais.
Sejamos amigos, então...
E vamos viver juntos um sentimento intraduzivel,
compartilhando todos os momentos,
talvez assim conseguiremos entender a amizade
em muito mais do as que palavras já ditas
por outros poetas
em outros tempos
e outras esferas...

sábado, 11 de julho de 2009

Parceiro de madrugada

Parceiro de madrugada


Parceiro de madrugada
que se esconde além das montanhas
quanta estrada será preciso rodar
até chegar a tua casa?
Parceiro de noites a fio
Companheiro do copo da poesia,
como posso medir uma sintonia
em braçadas de flores?
em canudos coloridos de refrigerante?
Em bandas de rock
ou letras de alfabeto chinês?
Parceiro de todas as fases da lua,
o que sabe a distância das estrelas
e confere no mapa da vida
o destino dos cantos
e os quatro cantos de um mundo redondo...
Parceiro de papos sobre times vencedores,
parceiros de piadas, de longas conversas.
Companheiro de poesia,..
Peixe fluindo no rio da madrugada
Insone madrugueiro
movido a musica e a beleza,
salve suas estrelas guias e mentoras...
Quantas montanhas terei que escalar
até bater a tua porta?

Tântrico




Fatima Dannemann

Um dia eu escrevo um poema erótico.
Até para mostrar o que eu acho
que seja um poema erótico.
Um poema sagrado, claro,
porque as palavras são sagradas
e o amor também.
Mas um poema cheio de erotismo.
Daqueles poemas orgasmáticos
que explodem em luxuria,
cheios de tesão sem compaixão.
Um poema molhado e melado...
Lambuzado de areia
e perfumado pela noite.
Um poema a luz de velas
com perfume de absinto,
velas alvas sim porque
o amor-erótico pode ser puro...
Uma hora dessas ainda escrevo
um poema erótico
daqueles cheio de paixão
parecendo aquelas cenas de cinema
que todo mundo gosta
com a Julia Roberts ou a Demi Moore
no papel de mocinha
engolindo o George Clooney ou o Johnny Depp
em beijos explícitos
que se multiplicam por todos os poros...
Um dia ainda desafio as convenções
e mostro o que acho que seja erotismo...
Mas, não restará pedra sobre pedra...
Digamos que abrirei uma porta dourada
de luz tão intensa que poucos chegarão nela
porque - claro - será erotismo tântrico
tipo aqueles que o kama sutra descreve
que todos desejam, ah...
(mas será que alguem encara mesmo?)
E o Kama Sutra, sim, porque
sexismos a parte, o amor é sagrado...
tão sagrado que prometo
que apenas vou cochichar esses versos
para alguem...
um sussurro escuro entre luz de velas...
ou apenas gestuado...
palavras transformadas em atos
porque não há erotismo que seja exatamente
traduzido em palavras...
Não há luxuria que, revelado o segredo,
não se torne pecado,
porque, aos olhos dos mal amados
se corroem de inveja
os olhos dos não amados vêem tudo turvo
e na cabeça dos invejosos, todo amor é sujo...
Ah, mas eu vou fazer um poema erótico.
Vou sim...
Com palavras tatuadas no corpo do amado
e só para ele.
Mesmo porque amor,
até mesmo o amor-erótico,
é só isso, dois mais dois
e nunca tres...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Musa pós-moderna

Fatima Dannemann

Faço um trato:
em vez de fazer poemas,
prefiro inspirar poemas.
Ser a musa.
Não importa que eu pouco lembre
uma musa clássica,
daquelas de roupas esvoaçante,
cabelos trançados,
flutuando pelos jardins da Arcádia
ou das ilhas de Apolo
como se mais que musa
fosse deusa.
Posso ser uma musa pós-moderna.
Não uso véus, mas descubro as pernas,
não toco lira, mas tenhos CDs
para suprir a falta de música.
Vinho? Prefiro vodka ou cerveja.
E na falta de jardins greco-romanos
te levo a Temple's Bar, na velha Dublin
e lhe mostro que pode haver poesia em outros cenários.
Queria apenas dar um tempo no escrever versos aleatórios,
dedicados a "musos" idealizados.
Apolos, Hércules, Adonis que nem existem,
ou a Zeus que pularam cerca, bateram asas
e sumiram na poeira da lembrança.
Prefiro inspirar.
Ler o que escreverem para mim.
Algo mais do que os sonetos que meu pai fez
quando eu era criança.
Serei quase uma musa anti-musa.
Musa que usa baton, adora salto alto,
e detesta Roberto Carlos
ou qualquer uma dessas babas que acham romântica.
Em troca, serei sensivel.
Prometo rir de versos engraçados,
e chorar de versos que me toquem a alma.

PEDAÇOS DE LETRA

 
Fatima Dannemann

Contemplo a noite
sem estrelas
a procura de versos
Encontro sombras
que escrevem
palavras partidas
e chamam de poesia
E quando pedaços de letra
precisarei escrever
até formar frases completas
que traduzam o que sinto?

Não sou poeta, nem deusa
apenas andarilha
pela vida
no claro e no escuro
entre nuvens e sol
entre lua e estrela.
Na esquina mais próxima
uma falsa boneca vestida de careta
se transforma em fantasma
mas não me assombra.
E ela parte frases
dizendo que são versos
e ela escreve coisas sem sentido
e diz que são rabiscos
outros lhe chamam de poeta.
E eu cato verbos.
Coisas aqui e ali.
Junto as palavras
num quebra-cabeça de emoções
e não traduzo o que sinto.

Choro
e quando choro são lágrimas perdidas
que escorrem furtivas
e ninguem nem vê.
A fantasma dos cabelos de milho
ri da minha cara se sentindo vitoriosa,
mas eu não jogo nenhum jogo.
Não sou poeta - eu grito.
Não escrevo quebrado - explico.
Apenas junto palavras
frases aqui, ali...
pedaços de letra...
e quanto terei que escrever
até ouvirem o meu grito?

sábado, 13 de junho de 2009

Azul como a neve branco-azulada - poema by Fatima Dannemann

Azul como a neve branco-azulada

Fatima Dannemann

Quando a madrugada cai
E o novo amanhecer se avizinha
Eu penso frescuras.
Ouço a musica de Pinóquio
Imaginando: a terra é azul
Porque o céu é azul, o mar é azul
E quando vejo fotos de montanhas
Até a neve parece meio azulada.
E eu visualizo a Fada Azul
Castigando meninhos mentirosos
Deixando seus bonecos de plástico
Continuar sendo bonecos de plástico
Porque certas alquimias...
Ah, as alquimias
Eu sonho transformar meus sonhos em ouro
Ouro como raios de sol de verão
E sonho com o brilho da manhã
E vejo a chuva
Ouvindo o vento soprando entre a persiana.
É apenas madrugada.
Manhã ainda distante
Como o mais aberrante
De todos os sonhos
E a vida é assim: azul como o planeta
E eu vejo a vida azul
Porque é a cor do meu jeans
E ouço um rock enquanto tomo um conhaque.
O vento lá fora me lembra o frio
E é apenas verão.
Mas quem para quem viu neve em Veneza,
Tudo é possível
Até os sonhos mais distantes,
Longínquos como montanhas que subo de carro
Ou teleférico para abrir a boca
Lá do alto enquanto eu digo
A vida é azul,
Azul como a terra
Ou o branco azulado da neve das montanhas...
E eu me dou ao luxo de pensar frescuras
Durante a madrugada.


" Quem quer fazer alguma coisa,
encontra um meio.
Quem não quer fazer nada,
encontra uma desculpa."
Provérbio Árabe

visitem meus blogs , façam seu comentário:
http://apenaspoemas.blig.ig.com.br
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anonimo amigo - Fatima Dannemann

Anônimo Amigo

Fatima Dannemann

O melhor amigo de todos os poetas
É o leitor . Sim, o leitor...
Este anônimo amigo
Que transcende o tempo,
Extrapola as eras
E mergulha de corpo e alma
Num verdadeiro banho de letras.
Leitor, inseparável companheiro de todos os poetas
O que fica em silêncio meditando nas palavras
Pensando nos sentidos,
Viajando em cada estrofe, verso, figura
Sintonizando-se com a poesia.
A musa muitas vezes desdenha o poema
- ou o poeta –
Os críticos? Ah, esses...
Eles procuram nós em pingo d'água
E simplesmente saem apontando defeitos formais
Erros fatais...
Como se arte, literatura e poesia
Precisasse ter a precisão exata da ciência.
Estudantes? Ah, esses lêem por obrigação.
As vezes decoram versos para declamar
Nas festinhas da escola.
E, na maioria das vezes, é tudo.
Não, o melhor amigo do poeta
É o leitor.
Leitor comum e anônimo,
Aquele que sente na pele e na alma
Cada sentido e cada som,
Cada sentimento,
Todos os cantos
E todos os lamentos
E que ao ler os versos com toda sua alma presente
Se faz parceiro do poeta,
Um grande amigo,
Quase uma alma gêmea.

(a todos os meus leitores e a todos os meus poetas preferidos)


A lucidez só deve chegar ao limiar da alma. Nas proprias antecamaras do
sentimento é proibido ser explicito. Sentir é compreender - Pensar é errar.
Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que
outra pessoa sente é ser ela. Ser outra pessoa é de uma grande utilidade
metafisica. Deus é toda a gente... FERNANDO PESSOA


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segunda-feira, 8 de junho de 2009

atitude zen-poetica - Fatima Dannemann

Fatima Dannemann

Nas entrelinhas do que parece vazio
o poeta dá forma a algumas palavras.
Não, não fale enquanto ele escreve.
Apenas espere um pouco. E então, leia e sinta.
Não julgue se há rimas ou sílabas erradas...
Não leia em voz alta
para não perceber se houver ausência de ritmos.
Apenas busque a essência e o sentimento.
Leia o poema como quem ouve uma música
ou contempla uma paisagem.
Isso basta.

Anjo sem asas

by Fatima Dannemann

Sonhei com um anjo...
Um anjo sem asas,
um anjo sem céu...
Mas era um anjo e flutuava
em meus pensamentos
como se quisesse dominar
a minha mente
e perambulava no coração
como se dominasse a minha alma...
E eu pedia: "voa, anjo".
Resistia.
Mas o anjo teimava e teimava e teimava...
Olhava seu rosto difuso,
seu corpo sem asas
e ele sorria e me olhava,
como se me hipnotizasse...
E eu falava, e ele parecia não ouvir.
Me dominava
mas parecia ser auto-suficiente
como parecem ser todos os anjos...
E me deixei levar pelo anjo,
um anjo sem asas.
Mas os sonhos não duram...
E quando, justamente quando,
cedia a seus encantos...
Acordei...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Amor além de todas as estrelas - Fatima Dannemann

Fatima Dannemann

Hoje eu resolvi falar de amor...
Não desses amores passageiros
Mas falar de amor...
Não amor de armário.
Sim, de armário.
Armário onde se abre uma gaveta
e apanha-se a camisinha
ou a camisola do dia
para apenas algumas horas de chamego.
Não, quero muito mais que isso.
Resolvi falar de um amor maior que o próprio mundo
grandioso como o próprio universo.
Quero falar de amor daqueles intensos
imensos e eternos;
firme e sólido
como a mais firme e sólida de todas as rochas.
Sim, resolvi falar de amor
desses que a maioria das pessoas não entendem
porque transcendem
todos os limites
extrapolam todas as barreiras
e estão escritos nas estrelas
como um registro kármico
que desafia as eras
e atravessa as vidas.
Sim, hoje resolvi falar de amor.
Amor que quando a flecha de cupido atinge,
o coração se rasga e sangra
verte alegrias,
derrama um sentimento tão intenso
que nenhum poeta descreve
nenhum artista desenha
e até os românticos apenas sonham vagamente.
E eu falo de amor...
Mas, não desse amor fugaz
desses encontros furtivos
que transformam beijos e carinhos
em meras explosões de luxúria
que logo morrem na poeira da memória.
Não, não falo do amor de cama ou mesa,
mas do que transcende a carne
e tornam as almas apenas uma.
Falo do amor sem ego
do sentimento sem posses
da entrega total e completa
de um sentimento tão firme e tão enorme
que ultrapassa limites,
quebra todas as barreiras,
vence até a morte,
extrapola vidas e as eras,
um registro kármico
escrito nas estrelas...

- vagamente desinspirado em Amor Maior do Jota Quest, porque ao mesmo tempo
não tem nada a ver... "Escrito via oral" pois primeiro eu falei os versos. E
só agora escrevi... Donde qualquer dessemelhança jamaos será coincidencia...

Salvador, 18.5.2004
13h de uma tarde de outono azul

Canto de desejo e sonho

Fatima Dannemann

Eu quero cantar
a toda voz
uma música que incendeie
a alma com a mais profunda alegria.
Eu quero fazer
da vida uma festa
e cantar muito
sem parar.
Como se a vida
fosse um karaokê interminável
e que o que importa
é colocar a voz para fora.
E nesse palco chamado vida
eu cantarei
com toda voz
uma música que revele meu lado mais leve.
E além de cantar, eu vou dançar e rir.
Talvez tome coragem e declame uma poesia.
Neste palco da vida, eu serei atriz
vivendo eu mesma
num louco script que transforma a vida em festa.


"Se voce se sente só é porque constuiu muros em vez de pontes"


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Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina!
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sexta-feira, 22 de maio de 2009

A dor nas palavras



Fatima Dannemann

Se o poema é triste
é porque o poeta sofre.
Escrever versos,
quando o sofrimento
aperta o coração
e a dor faz sangrar a alma,
é uma forma de chorar.
O poeta apenas deixa
a poesia fluir
e os versos escorrem
no papel (ou na tela do computador)
como se fossem lágrimas.
Os versos de um poeta trista
é como se fosse um choro
daqueles que embaçam os olhos
e travam a garganta.
O poeta chora nos versos,
e nas palavras solta seus medos,
suas dores
e desamores.
Se o poema é triste
é porque o poeta,
longe de ser mito,
é apenas um ser humano.
E sofre.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Unidade



Somos um.
Contrariando a regra
de que um mais um são dois,
atropelamos a matemática
quando o assunto é amor.
As almas se fundem.
Não se somam
e ao multiplicarem-se
transformam-se em milhões
de beijos, abraços, carícias
e incontavéis gestos
que alongam breves segundos
em momentos eternos.
Somos um.
Porque amar não tem lógica,
sentimentos e emoções
nãp se explicam
com regras racionais.
E um mais um são duas almas
que se tornam únicas,
cinco sentidos que se tornam um só.
Unidade.
E amar é isso.

(nota eu acho esse poema uma m..., mas tudo bem)

Quando chove e o dia se torna cinza



Quando chove e o dia se torna cinza,
Quando o vento do mar sopra frio,
Quando ondas encrespadas levantam da praia
E nos lembram sobre os perigos da vida
Quando o dia ao meio-dia é qualquer hora
E o sol se esconde atrás de nuvens
Quando olhar o horizonte em busca no nada
Significa sonhar com dias de sol...
E hoje é um desses dias.
Vejo gente que chora seus ídolos,
Gente que sente saudade de pilotos falecidos
E chora pelos os caídos e sofridos
Das novelas.
E gente que se esquece de chorar seus próprios mortos
E gente que se esquece de levantar os seus caídos
E eu retorno da missa de sétimo dia de um amigo
Enfrento o frio de um dia triste
A chuva que cai são como lágrimas de uma viúva,
O vento que sopra cortante
É o coração de um órfão que cresce sem pai.
E eu me pergunto: porque a vida as vezes é dura?
Porque simplesmente o sol não pode brilhar todos os dias?
Quando a chuva cai o mundo se acinzenta atrás de nuvens
E o mar ameaça...
É proibido ser feliz as vezes...
E é preciso chorar por pilotos falecidos
É preciso lembrar de nossos entes queridos

terça-feira, 5 de maio de 2009

Materno



Fatima Dannemann

Mãe Natureza
Beleza Eterna
Natureza Terna

Mãe dos ventos
Mãe dos rios
mãe da luz e do fogo
mãe do calor e do frio

Mãe das nuvens
e das neves
mãe das plantas
e animais

Mãe terra,
planeta sagrado
luz do muno
luz da vida,
centro do universo

Auto-retrato com lente de aumento

Fatima Dannemann
Fecho os olhos
só para sentir o mundo
em minha alma...
Fecho os olhos
e me encontro nos sonhos
lá no ponto em que todos se perdem.
Imersa no mais profundo do meu eu
qualquer barulho é uma musica
qualquer som é um rock do Pink Floyd
me trazendo lembranças
da adolescência.
Sou eu aqui e agora.
Por inteira.
Total
Completa
Com eiras e beiras.
Poderosa, sim...
Porque não é nada demais
de vez em quando perder a modéstia.
Bela, sim,
porque todos os seres são belos
revogados os padrões estéticos
dos fotógrafos de moda.
Com alguns defeitos de fabricação.
Ah, mais quem é perfeito?
E eu fecho os olhos para sentir o mundo
e acordo a poesia
no mundo dos sonhos.
Me encontro onde todos se perdem.
E meus pensamentos pulsam
e meus sentimentos vibram.
Tenho vida.
Sou plena como todos os seres
e isso é tudo.

Cantos Tribais

Fatima Dannemann

Tocam tambores
Sob a lua
Mãos que pulsam
Corpos que dançam
Ritmos sagrados
Redonda a lua
Banha o mundo de prata
Corre o rio
Desliza o tempo
E no mar do universo
Roda a Terra
Sol lhe banha de ouro
Luz aquece os corações

Além do mar
Há vida além da selva
A vida em outra selva
Concreto e abstrato
Corações pulsam em outros ritmos
Carros correm acelerados
E roncam tambores de combustíveis
Vazios em motores, geradores
Energia multiplicada
E sem que ninguém veja
Corre um rio
Desliza para um mar
Cheio de navios.
E além de todos as visões
Roda a terra
Num universo monitorado por telescópio.
Soam guitarras, pianos,
Balburdia numa festa punk
Ou pós-punk
Pós tudo
Preconizando novos tempos
Que nunca chegarão.

Tribos na selva
Tribos em outra selva
Tribos urbanas
Tribos profanas
E apesar de todo concreto e argamassa
Corre sangue ancestral
Até nas veias mais tecnológicas...
É a vida que desliza no mar do universo
É o canto do coração da terra.
Sagrado
Profano
Eterno

quinta-feira, 26 de março de 2009

No dia seguinte - Fatima Dannemann

Fatima Dannemann

No dia seguinte
a vida reacorda
como a flor que desabrocha
após o inverno...
No dia seguinte,
um outro dia,
um novo sonho,
como uma nova flor
a despontar do nada
e traduzir o tudo.
O dia seguinte,
o que segue o dia transcorrido,
a vida que chega ou que renasce,
e o sol reamanhece o mundo
despindo o céu das estrelas.
No dia seguinte,
o passado é morto e sepultado,
sobram apenas cinzas,
poeira de estrelas,
restos de festas ou traumas de dores.
E o dia seguinte, no dia seguinte,
já terá ido.

Ser Noturno - Fatima Dannemann

Fatima Dannemann

O poeta é um ser noturno.
Se insone e solitário,
ouve as estrelas
e traduz o linguajar dos astros,
e dança a música que vem das esferas
com palavras ritimadas
ou rimadas.
Se insone, mas amado,
o poeta vibra poesia
em beijos à sua musa.
E tatua palavras no corpo amado,
fazendo poesia com os cinco sentidos.
Se dorme, o poeta invoca a amada
na penumbra etérea
que forma o mundo dos sonhos,
ele tece versos
em atos imaginários.
O poeta é um ser da noite
como a lua,
e busca no escuro do silêncio
dar forma ao mundo
que se esconde em sua alma.
O poeta, filho da lua
abençoado pelas estrelas,
vive a noite sem temer o escuro,
pois sua alma é clara
como o mais belo do dia.

poema in blue numero 2 - by Fatima

----- Original Message -----
From: Fatima Dannemann
To: mesadebar@grupos.com.br ; lara.com@grupos.com.br
Sent: Tuesday, April 22, 2003 9:14 PM
Subject: poema in blue numero 2 - by Fatima

Fatima Dannemann

Mr. Guitarman, toque um blues...
Só unzinho,
daqueles cheios de lamentos
daqueles que tocam a alma,
que nem os de BB King.
Toca um blues ai,
qualquer um,
mas pode ser mais de um...
um, dois, tres, dez,
quantos forem,
contanto que sejam para mim.

domingo, 22 de março de 2009

Através da janela da Lia

Fatima Dannemann

Vejo o por do sol
da janela do oitavo andar
e peço licença poética
para falar sobre
o concreto poético
da esquina mais próxima
e periquitos gritam
sem licença
e o verde rompe o cinza
por que verde é a cor
de algumas poesias
e verde é o tom da camisa do poeta
e eu não peço licença
para soltar meu sorriso
e rio para periquitos que voam
indiferentes
diante de janelas de blindex
e a vida é concreta
como a fagulha de um isqueiro
que acende um cigarro
ou um incenso
e a vida são horas de papo
sobre as idas e vindas
de vidas que se cruzam com as vidas.
E eu peço licença ao poeta
e me dou uma pausa para o café
e peço licença ao sol que se põe
para esperar a lua que chega de mansinho…
E dá vontade de ninar os periquitos
de por os passaros e todo o verde
para dormir
porque eu também estou com sono…
E faço da minha voz
um poema
ou ladainha…
Que digam alô a beleza
e venha a noite depois que o sol se for

Sâo Paulo - 11.10.2004

Segundo canto profano

Fatima Dannemann

Não considero Aparecida minha padroeira
pois não rezo para santas que se vestem de negro
e pegam pesado no excesso de enfeites.
Prefiro o despojamento das deusas orientais
então, canto mantos para Tara
e acendo velas penando em Kwan Yin.
Mas não quero negrumes que lembram Eriskigall
sou baiana, e a cor da minha santa é o vermelho de Iansã
ou o amarelo dourado do véu de Oxum.
E louvo a Rhianon. Me salvo pela luz da verdade
que é mais que o sorriso amarelo
das falsas deusas vestidas de negro
que voam pela noite fingindo-se de boazinhas.

Asas da Memória



Fatima Dannemann

Fazer poesia entre as nuvens
é tomar um avião
e descobrir que anjos
não vivem nas nuvens,
mas voam nas asas da Memória

- em algum lugar sobre São Paulo e Brasilia, talvez sobre Minas…
12.10.2004

quarta-feira, 18 de março de 2009

Ser Noturno

Fatima Dannemann

O poeta é um ser noturno.
Se insone e solitário,
ouve as estrelas
e traduz o linguajar dos astros,
e dança a música que vem das esferas
com palavras ritimadas
ou rimadas.
Se insone, mas amado,
o poeta vibra poesia
em beijos à sua musa.
E tatua palavras no corpo amado,
fazendo poesia com os cinco sentidos.
Se dorme, o poeta invoca a amada
na penumbra etérea
que forma o mundo dos sonhos,
ele tece versos
em atos imaginários.
O poeta é um ser da noite
como a lua,
e busca no escuro do silêncio
dar forma ao mundo
que se esconde em sua alma.
O poeta, filho da lua
abençoado pelas estrelas,
vive a noite sem temer o escuro,
pois sua alma é clara
como o mais belo do dia.

saudade em heavy metal

Fatima Dannemann

Saudade é ouvir o Led Zeppelin
e deixar que o coração
pulse em Rock and Roll
Porque saudade tem idade, sim,
e é mais nova do que pensam por ai.
Saudade é um riff de guitarra
e as vezes é como um beat heavy-metal
toca fundo o coração
e dança e desliza.
Faz da vida uma Celebração.
É que saudade as vezes é boa.
Como ouvir Dancin Days.
Ir ao fundo. Subir uma escada para o céu.
Eternizar-se. Fazer de momentos que passaram
o momento, o espelho da própria vida.
Saudade é assim: uma música do Led Zeppelin.
Uma volta ao que ficou de bom.
E sem idade...

sábado, 14 de março de 2009

Clair de Lune

Fatima Dannemann

Noite de brilho e de prata
Noite de lua cheia
Noite de todas as estrelas no céu
Noite em que o mar parece um tapete de sonhos

No ar, uma música suave
No ar, apenas o perfume de flores notívagas
No ar, uma brisa mansa
e é noite
uma noite clara
abençoada pela lua cheia

A lua cheia sorri
como um bebê gorducho e bem amado,
namorados se beijam
amados distantes sonham
com o encontro ou reencontro
uma lágrima cai de mansinho no canto dos olhos...
alegria, saudade, ternura, amor...
Turbilhão de sentimentos numa noite de luar
Até fria,
mas suave como o toque de uma flauta doce...

E o brilho de prata da mãe lua
abençoa a noite...
Sonhos...
A hora de dormir não chega
A hora de dormir até chega
Mas eis que dormir sozinho é muito chato,
pensa alguem que busca a lua
nos olhos do ser amado...
E a lua sorri como um bebê gorducho,
mas é apenas uma mãe amorosa e compassiva
e o mar borbulha e quebra na areia
e a brisa beija a flor notívaga
é noite...
apenas noite...
hora de sonhar que o amor é possivel...
e o amor é...

Catadora de Estrelas

Fatima Dannemann

Sou
pensadora na janela
a contar estrelas...
Olho para a lua
e ouço o
Clair de Lune
dançando nas teclas
do piano...

Sou
pescadora de sonhos
deslizando no arco-íris
de meus pensamentos
onde cato estrelas.
E vejo
grãos de poeira cósmica
que brilham em minhas mãos
como purpurina...

Sou
viajante das idéias
deslizando nas palavras.
Faço das frases
meu tapete voador
e percorro...
Saio pelo mundo
a olhar para os astros...
Ouço um piano
e paro para escutar
a sutileza do silêncio.

Sou
ser errante,
sonhadora e voadora
a procura
de um porto tranqüilo
para pousar.

Alguns fragmentos

Fatima Dannemann

I

Convenções são passageiras
Convicções são certeza
Mas nem a certeza
é permanente

II

No meio dos ritos
o mito
No meio dos mitos
alguma crença

III

Enquanto isto antes de dormir
eu leio lendas dos deuses celtas
e sonho com os anjos

IV

Não é preciso
compreender
para sentir

V

E a poesia não
precisa fazer sentido
basta apenas ser sentida

VI

e o ideal é uma eterna busca.
No final?
o jornal...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Obra Eterna



Fatima Dannemann

Toda arte é sofrida.
Talvez nem todas,
mas algumas artes
são como partos complicados
e se tornam difíceis.
O verdadeiro artista
faz de suas obras
um filho que não é seu,
mas é do mundo.
Desafia o tempo,
expande espaço,
explora idéias,
transmuta sentimentos
e dificuldades.

Toda arte é dificil
como um parto complicado.
Talvez nem todas,
mas a verdadeira arte
é um filho da eternidade.
Como um filho,
é um pedaço da vida do artista
doado ao mundo.
Doloroso, talvez, como um parto,
mas belo como uma criança,
uma obra eterna,
um pedaço do ser perenizado.


Poemeto de Luta

Fatima Dannemann
 
brigar pela paz
é como fazer
um soldado
morrer em vão.
Sangue derramado
sem justa causa
apenas destruição.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Outros Pagodes

Bailam baianas
cheias de requebro,
enquanto o berimbau
cadencia a capoeira.
Olê-lê maculelê
dançam as lendas e os deuses
no terreiro do folclore

Fatima Dannemann

Poemeto 4

a força do abraço
o braço do amor
a fraternidade dos braços
em nome da paz...
Braços que são ponte de luz
abraços que transmitem
toda a energia do amor

Fatima Dannemann

Poemeto 3



Ofereço meus versos a um editor
que realize esse meu sonho de papel.
Se não quiser versos, ofereço prosa.
Histórias bem humoradas
daquelas que fazem qualquer crise sumir na poeira.
Não, não pago nem um centavo.
Quero, sim, ter lucros.
Pois sonhos são alegrias.
Tratar via e-mail ou telefone.
O que for mais rápido e mais real

FATIMA DANNEMANN

Poemeto 2



E brotam flores suaves
do solo fertilizado pelos sentimentos
e abrem frutos doces
do solo renovado pelo amor que chega
Forma e essência
tecem teia de sentidos
e abrem-se luzes como um imenso arco-íris
formado pelos desejos...
Colheita e plenitude,
e então tudo se renova

Fatima Dannemann

Poema-Funk

se a rima é mínima
a saia também
Grande só molejo nas cadeiras
da menina
e rebola, rebola
que dá e dá
só não vale pisar na bola
senão, senão o bicho vai pegar

FATIMA DANNEMANN

Cheiro da Terra




Fatima Dannemann

O cheiro da terra
é de flor e de mato.
Cheiro verde
como tempero de salada.
O cheiro da terra
é de água correndo.
Cheiro azul profundo,
como as águas de um lago.
O cheiro da terra
é de bicho pastando.
Cheiro vermelho
de sangue pulsando
vida nas veias.
O cheiro da terra
tem mil perfumes
e muitas cores.
É feito de bicho e de planta.
É cheiro de terra, fogo, água e ar.
É cheiro de vida,
simples e ao mesmo tempo
intraduzível.

Só nós dois...

Fatima Dannemann

Faz frio lá fora
mas eu não ligo.
Com você, a vida
é um eterno verão.

Há perigo na rua.
Mas, eu não corro riscos.
Com você, aqui por perto,
não preciso de heróis.

O mundo roda lá fora
e eu não reparo.
Com você aqui, juntinho,
que me importam outras órbitas?
Me bastam as dos seus olhos.

A vida corre lá fora...
Mas, corre aqui dentro também.
O mundo dos outros, é deles.
Meu mundo?
Somos nós dois e mais ninguém.

Poemeto

Plena
como a lua mais bela
doce
como a brisa mais suave
Mulher
sintese da criação do mundo
o fio onde a vida começa

Fatima Dannemann

domingo, 1 de março de 2009

Mau dormir

manhã fria
quarto deserto
a melancolia
da cama desfeita
marcas da noite
marcas da insonia
e da incerteza

Fatima Dannemann

Duplicidade

dama de honra ou bailarina?
corpo de mulher ou de menina?
as mãos que seguram as flores
trazem a ternura de um gesto timido
e o vermelho das rosas revela o fogo interior
escondido na pureza
do branco do vestido

Fatima Dannemann

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Poema de uma noite de verão

Fatima Dannemann

Lua...
Brisa quente...
Mar tranquilo
Salta uma cerveja gelada com urgencia
e eu penso na vida
olho para o horizonte e penso:
o que será que existe alem do arco-iris
(e isso já deu música
como o titulo desse poema é
propositadamente inspirado
numa peça antiga).
Lua cheia...
ah, lua cheia...
bom de apenas sentar no gramado
olhar pro céu e contemplar as estrelas.
mas eu quero mais que isso
e ando por ai de carro
o que já é suficientemente perigoso,
e eu não corro o risco de tropeçar
nas calçadas esburacadas
que a prefeitura nunca manda consertar...
(e isso não é nada poético
mas faz de conta que a vida
cometeu operação ilegal,
será fechada
e precisa ser reiniciada logo a seguir)
E eu lembro
que o garçom me (des)atendeu
não trouxe minha cerveja
e aliás eu prefiro uma vodka
- me traz uma roska de qualquer fruta
estamos conversados
e ninguem fala mais nisso...
Lua cheia, lua nova,
nem sei qual a fase da lua.
Noite de esbá, noite de cantar para a deusa
noite de dançar em ritual secreto
e eu ouço Nusrat cantando um cântico sufi
lembro das vitimas das intempéries na Asia
lembro das vitimas de todas as intemperies
e rezo pelas vítimas da eterna seca
que só vêem a cor de uma água:
o marrom da terra sem plantas
e sem comida...
(mas isso já deu filme
e não se fala mais nisso)
Lua,
eu ouço Nusrat
e penso no dia...
Surya, o sol que me traz seus raios todas as manhãs...
Abençoe minha noite
abençoe todas as noites
sagradas e profanas.
(e este é apenas um poema
escrito numa noite de verão)

efeitos da lua minguante

Fátima Dannemann

Mingua a lua.
E com ela, vão-se os meus sonhos.
Meus pobres sonhos...

Eles se escondem sob o manto
Da lua negra.
Desvanecem-se em brumas
Cinzas...
Somem...

A quintessência dos sonhos
Obscurece.
É como um filme
Chegando ao último fotograma
Esperando apenas a palavra fim
Para se tornar apenas escuridão total...

Mingua a lua,
Com ela, somem meus planos,
Meus projetos para o futuro.
Paira uma sombra chamada dúvida,
Negra como a lua
Que minguou de vez
E esconde-se em seu lado oculto.

Enquanto isso,
Minha alma vaga perdida
E meu coração chora...
Corações não sobrevivem sem sonhos.
Alma não vive sem a meta dos planos.
E nada disso combina
Com a lua que começa a sumir
Nos céus.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ao meio - Fatima Dannemann


Fatima Dannemann


Já não escrevo versos como antes.
Como se algo em mim morresse lentamente.
Ou uma luz fosse baixando aos poucos
e se apagasse.
A inspiração falha,
a motivação se esconde.
E eu apenas tento,
procuro,
e não acho...
Como se só tivesse direito
a metade da vida,
ou uma vida pela metade

15.1.2002

quatro poemas

 
Plenitude no vazio
 
Fatima Dannemann
 
Ouço o silencio
contemplando a vida
vejo a plenitude no vazio.
O mundo é uma enorme teia de buracos negros
e neste éter incompleto
é onde mora a luz
E por frestas na teia
escorrem as idéias
e eu vivo nelas...
 
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
 
Materno
 
Fatima Dannemann
 
Mãe Natureza
Beleza Eterna
Natureza Terna
 
Mãe dos ventos
Mãe dos rios
mãe da luz e do fogo
mãe do calor e do frio
 
Mãe das nuvens
e das neves
mãe das plantas
e animais
 
Mãe terra,
planeta sagrado
luz do muno
luz da vida,
centro do universo
 
,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
 
Entre as ondas
 
Fatima Dannemann
 
Que os peixes nadem
a sós ou em cardumes
contra a corrente
ou a favor das marés
que os peixes nadem
e brinquem com as ondas
e façam das águas
a sua festa
e dancem entre as borbulhas
e brinquem com as algas
e respirem por todas as guelras
e vivam...
e eu viva como eles.
 
,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
 
Riscos
 
Fatima Dannemann
 
Gosto de desenhar
corações
peixes
bonecos
patos
as vezes ursos
e cobras
sapos
as vezes tartarugas
e casinhas
e igrejas
e corações
e pequenos traços
imitando passarinhos
ou apenas ondas e linhas
e o mar é assim

Uma reflexão sobre a vida em forma de quase poema





Fatima Dannemann
 
E a vida é...
Abrir os olhos todas as manhãs
É sentir o vento batendo no rosto
É olhar para o céu e Ter certeza de que não estamos sós
A vida é saber-se centelha divina
A gota que faltava no oceano
É ver um plano adiante
De todos os planos visíveis e invisíveis.
 
A vida é mais do que uma seqüência de dias
Meses anos
É mais do que uma série de sonhos
É a imensidão
E o imensurável
Vida é eternidade
Materializada e etérea
A trilha da luz
Por mais sombras que houverem no caminho
 
Por mais que o escuro
Obscureça nossa visão
Há uma saída ali em frente
Outras vidas
Outros caminhos
Rumo ao absoluto
 
 

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dança do meu ventre em festa - Fatima Dannemann (poema)

Fatima Dannemann

Quero dançar como uma odalisca
flutuar entre paredes em meio aos véus
rodopiar pelo salão iluminado
sentindo aroma de sândalo
a marcar os meus passos
tendo como público
os olhos do amado.

Quero dançar como uma odalisca,
misteriosa e sensual atrás dos véus.
Marcando meus passos com volteios na cintura
brincando com minhas mãos
que faz jogos de luz e sombra
em meio as velas...

Quero dançar como a mais bela das odaliscas,
a mais amada de todas as princesas,
e entre aos véus, aromas, velas e vinhos,
marco compassos de amor com mãos, pés
e olhares profundos
numa dança sagrada.

Quero ser uma odalisca ou dançarina
e fazer da vida meu salão dourado,
quero flutuar com a graça das princesas,
perfumada como a mais poderosa de todas as fadas,
levar a luz do amor em movimentos ritmados
provocar suspiros, arrepios,
ou apenas sonhos e saudades,
ou não provocar nada...

Quero dançar como uma odalisca
fazer do mundo o meu salão dourado.
E ser apenas eu,
princesa ou plebeia,
profana ou sagrada.

Sonho de chegada e despedida

Fatima Dannemann

Tudo o que ficou:
um beijo mal dado
um sonho de chegada
e despedida...
Tudo que ficou
uma noite perdida
insone e mal dormida,
um amor de novela ou de revista
ficção com ares de romantismo
que deveria estar esquecido...
Lembranças de uma festa que não houve
Memórias ficticias.

E o coração ainda chora pelo beijo não sentido...
E olhar procura longe o vulto amado
enquanto ouvidos lembram longe
as poucas palavras doces que foram ditas...

E amar...
Amar pode ser cruel
como o pior dos crimes...
Pode deixar marcas que não se apagam...
Um velho musica no CD player,
cerveja esquentando no copo,
poesias desconexas
porque as vezes sentimentos não tem mesmo pé nem cabeça
(e nem precisa)...

E o gosto do beijo mal dado permanece amargo na boca
até que venha outro beijo mais doce...
Ou que o mesmo amor aconteça...
Ou que chegue alguem de longe
ocupando as vozes, os vultos, os cheiros
e com um novo sorriso
até lembre velhos momentos...
Mas será outra vida...
Por enquanto o que ficou foram beijos mal dados
lembranças de momentos não vividos
amor apenas sonhado.
Só isso...

- detalhe: não sei como escrevi esta porcaria. detesto esse poema que não
tem nada a ver comigo

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Meus amigos morreram de overdose

Fatima Dannemann

Os herois de Cazuza morreram de overdose.
Meus herois também morreram de overdose.
E meus amigos
e nem tão amigos
morreram de overdose,
ou contrairam AIDS por causa das drogas.
Até os melhores alunos da sala
morreram de overdose.
Artistas de cinema morreram de overdose
astros do rock também morreram de overdose
e nas esquinas da cidade
o crack mata
um menino
anônimo
todos os dias.
No mínimo.
Quero meus heróis vivos.
Quero meus amigos vivos.
Que vivam os artistas
os astros do rock
e os meninos...
Sem overdose
e sem qualquer dose
de nenhuma droga

sábado, 31 de janeiro de 2009

manhã de inverno

Fatima Dannemann

manhã de inverno
vento que uiva e adverte
e eu não vejo o mar.
uma flauta tribal
dá o toque sombrio
e aproveito para meditar
o sentido da vida
e o que não faz tanto sentido na vida
os vais e vens
como ondas em dias revoltos
a alternancia
o frio, o calor
e as cores
na falta de cores entre a neblina.
Uma flauta tribal
me protege
Faz frio alem do mar
Faz mais frio no alto das montanhas
O vento é meu parceiro
e me traz novidades
E escondido no manto da neblina
brilha o sol...

 

 

Em algum lugar e todos os cantos do mundo

Fatima Dannemann
 
Em algum lugar
a luz de velas
ao som de um violino celta
sob o vento da noite
a soprar docemente
sob o olhar de flores flutuantes,
corpos que se fundem
num ato completo de amor.
 
Em algum porto,
numa praia onde repousa
um barco de pescaria,
sob o marulhar das ondas
sob o farfalhar do vento lá fora
sentindo a dança das areias úmidas
banhadas pela noite estrelada
corpos que inspiram amor
rolam pelo cio da noite
e sugam a própria essencia da vida.
 
Em algum ponto
do infinito espaço
ao som da música das esferas
corpos que dançam sobre a lua
e apenas amam...
 
Em algum canto
em todos os pontos
e todos os cantos
corpos que amam
e amando
e vão traçando riscos
tramando uma rede
de sentimentos e sentidos...
 
Em algum lugar
a luz de vela,
ouvindo o marulhar das ondas
ao som de um violno celta
corpos que se amam
em uma alma única.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Busca e espera

Fatima Dannemann

Olho o horizonte
em busca de sinais.
Vasculho o céu
a procura de estrelas.
Talvez...

A volta é o caminho de quem parte
mesmo que demore.
E o mundo roda.

Olho para o mar
e nas ondas busco uma resposta.
Olho para o vazio
entre as estrelas e procuro...
Não sei.

E a incerteza move a vida
por que o acaso mora em cada esquina.
Nos rostos e olhares
procuro um recado de quem partiu
Mas é como se não houvesse passagem de retorno.

Elos de ligação
que as vezes se partem.
E o que seria só um momento
vira uma eterna espera
uma busca sem futuro.

E eu então paro.
Não há porque olhar o horizonte
e ver montanhas de pedras.
Não há porque buscar estrelas
no céu nublado.

Resta esperar que a vida dê voltas
e eu digo: até a volta.
Talvez

Ato poético em cenas de lamento e de protesto

Fatima Dannemann

(prologo)

Eu sonhei que ser feliz era possivel
amor e poesia festejando a vida
poesia e amor de porta bandeira em minha vida
amor e poesia marcando o compasso da vida

Eu sonhei que ser feliz era possivel
E eu sonhei
eu sonhei e apenas sonhei
que a felicidade
era uma possibilidade
concreta
e mais que perfeita

(verbo na voz reflexiva)

Olho o vazio de um mundo
que superprotege os falsos fracos
Olho o vazio de um mundo
que tira a sorte
dos pseudofortes...
Olho o vazio de um mundo
que se perde em ilusão
e jura buscar a verdade.

(Um grito ou chamado em compasso de lamento)

Justiça,
tiraram-lhe a venda.
Vitória,
triunfo do bem,
surrupiaram a espada.
Jogaram cinza no verde da esperança
Vulgarizaram o amor com purpurina
Desfocaram a visão dos sonhadores
Deturparam as palavras dos pensadores

(ato de protesto e chamado)

Parem!
Gritem basta
Parem de esconder a beleza
Dê passagem para outros sonhadores
Chega de derrotas,
gritem basta e vamos esperar o momento
de gritar bem alto
de cantar bem alto
a nossa alegria e a felicidade...

(para repetir como um mantra e acreditar nos sonhos)

eu sei que a vida é possivel
eu sei que amor e poesia
fazem festa em nossa vida
eu sei
eu sonhei
eu sonho
e qualquer trajetória
que nos leva a plenitude
é a resposta correta
na prova da vida.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Resposta à luz do luar



Fatima Dannemann

Não,
não me tente lua...
Eu falei que nunca mais voltaria a escrever poemas
não há lugar para poemas
em minha louca vida pós-moderna.
Não fique ai dançando alva, redonda e bela,
lançando sua luz de prata sobre mim
e me pedindo para
por apenas um minuto
apagar todas as luzes,
sentar no escuro,
acender velas, incensos,
me sintonizar com a poesia e escrever alguma coisa...

Não,
não me tente, lua...
Jamais acertarei a escrever
de novo sequer um verso como os de antes.
Mudou a vida, mudaram-se os momentos...
Jamais conseguirei inspiração
suficiente, lua,
para achar a vida mágica
como eu achava em outros tempos...

Não
não mais poesia, lua,
não mais magia, senhora de todos os mundos,
não mais versos, deusa de lotus branca...
Mesmo descoberta pelas nuvens da incerteza
que enfim te deixam,
mesmo que seus raios
caiam
leves sobre minha cabeça,
ainda que sua luz me abençoe,
mãe de todas as estrelas,
jamais conseguirei ter uma intenção tão pura
como as de outro tempo,
jamais conseguirei escrever versos como antes.

Canto de desejo e sonho

Fatima Dannemann

Eu quero cantar
a toda voz
uma música que incendeie
a alma com a mais profunda alegria.
Eu quero fazer
da vida uma festa
e cantar muito
sem parar.
Como se a vida
fosse um karaokê interminável
e que o que importa
é colocar a voz para fora.
E nesse palco chamado vida
eu cantarei
com toda voz
uma música que revele meu lado mais leve.
E além de cantar, eu vou dançar e rir.
Talvez tome coragem e declame uma poesia.
Neste palco da vida, eu serei atriz
vivendo eu mesma
num louco script que transforma a vida em festa.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Fw: Canto sobre um sentimento especial - by Fatima Dannemann

Canto sobre um sentimento especial


Fatima Dannemann
 
Poetas do mundo
que cantam o amor e traduzem as formas belas
ou suas próprias sensações.
Poetas do mundo
troquem as musas e as motivações
e por um dia, falem sobre o amigo...
 
Ah, eu sei...
A poesia do amigo esbarra no lugar comum
e todos os poetas se perguntam:
Como falar de amizade
sem repetir frases feitas?
Como falar de amizade
sem parecer redundante?
 
Não se importem em parecer tolos,
quem ama sempre parece meio bobo
e quem tem um amigo, ama.
E ama de forma intensa.
E ama de forma mais apaixonada que se amasse qualquer musa,
pois um amigo verdadeiro sempre leva a amizade as ultimas consequencias.
 
Cantem, poetas,
sobre a amizade,
Cantem sobre o que significa dizer a um amigo "eu te amo"
e poder amar de forma livre,
sem egos, sem egoismos...
 
Cantemos todos, poetas ou leitores,
até os que desdenham a poesia,
cantemos em verso ou prosa.
Ou nem precisamos cantar nada,
a amizade é um sentimento profundo demais.
Sejamos amigos, então...
E vamos viver juntos um sentimento intraduzivel,
compartilhando todos os momentos,
talvez assim conseguiremos entender a amizade
em muito mais do as que palavras já ditas
por outros poetas
em outros tempos
e outras esferas...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Segundo canto profano - Fatima Dannemann

Fatima Dannemann

Não considero Aparecida minha padroeira
pois não rezo para santas que se vestem de negro
e pegam pesado no excesso de enfeites.
Prefiro o despojamento das deusas orientais
então, canto mantos para Tara
e acendo velas penando em Kwan Yin.
Mas não quero negrumes que lembram Eriskigall
sou baiana, e a cor da minha santa é o vermelho de Iansã
ou o amarelo dourado do véu de Oxum.
E louvo a Rhianon. Me salvo pela luz da verdade
que é mais que o sorriso amarelo
das falsas deusas vestidas de negro
que voam pela noite fingindo-se de boazinhas.

BANHO DE LETRAS


 
Fatima Dannemann
 
Banho
a minha alma
em letras
Brinco
com a espuma
das sílabas
Faço bolhas
com as palavras
enquanto
frases flutuam
exalando poemas

Atitude zen-poética



Fatima Dannemann

Nas entrelinhas do que parece vazio
o poeta dá forma a algumas palavras.
Não, não fale enquanto ele escreve.
Apenas espere um pouco. E então, leia e sinta.
Não julgue se há rimas ou sílabas erradas...
Não leia em voz alta
para não perceber se houver ausência de ritmos.
Apenas busque a essência e o sentimento.
Leia o poema como quem ouve uma música
ou contempla uma paisagem.
Isso basta.