quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Errante

Fatima Dannemann
 
Erra o cometa
sem destino.
Sua casa é o cosmo.
Sua estrada
é a vastidão do universo.
Sua cauda prateada
borbulhante de estrelas
rasga o céu
com elegância
e assusta planetas,
pacatos orgãos celestiais
em órbitas pre-moldadas.
O cometa sabe
fazer uma entrada
no espaço celeste.
É como se o céu
fosse seu palco.
E sua trajetória errante
um espetáculo interminável.
 

Redundâncias consentidas

Fatima Dannemann

Poemas se tornam repetitivos
as vezes.
Uns falam de amor,
outros protestam,
uns derramam mares de lágrimas,
outros trazem risos.
Mas alguem falou a mesma coisa
antes, com outras palavras.
E sem querer, e sem saber,
o poeta escreve o que sente
sem saber que antes dele
alguem escreveu as mesmas coisas
de outro jeito
em outro idioma.
Poemas são redundâncias consentidas
por que demonstram por a mais b
que é preciso amar pra crer
que a vida é bela
ou que é preciso sofrer
para ser um cara bacana.
Poemas...
Não há novidades nos versos,
não há novidades em meus versos,
não há novidade na poesia.
Tudo se repete
como era no principio
e assim será,
eternamente...
Poesia, redundância consentida.
E ainda assim
em muitas formas, bela.

 

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

entrementes - Fatima Dannemann


Entrementes

Fatima Dannemann

Há momentos em que o pensamento voa...
Flutua tão leve e ao mesmo tempo
nos leva a voar com ele para longe...
E vamos voando com o pensamento
para não sei onde...
Vamos vendo as idéias passando,
repassando...
Faces conhecidas se interpõe
em meio a faces apenas sonhadas.
E vamos nós voando nas asas do pensamento
para não sei onde chegar.
Vemos paisagens de sonhos,
castelos de sentimentos,
planície de amores,
montanhas de sofrimentos,
pedras intransponíveis de áreas que não ousamos
nem imaginar.
E o pensamento nos deixa distante,
pés que saem do chão e voam...
Voam para pousar na poesia,
esbarrar na prosa,
chegar a criatividade
e saltar fora das idéias preconcebidas.
E paramos para um sorvete
com sabor de primeiro beijo
quando o pensamento nos leva ao amor...
Rostos, vozes, braços, tudo se mistura,
e ali, doce paraiso, o pensamento não deixa
que o sofrimento nos pegue.
Mas tem horas que um fantasma chamado realidade
nos traz do pensamento para a face da terra,
e encaramos a vida de frente apenas
para esbarrar com monstros...
Ei... Não estamos voando, andamos de metrô,
por um subterrâneo escuro, sem o clima de sonho
de quando o pensamento apenas nos faz flutuar...
E vamos longe, porque o pensamento apenas
mudou de rumo
do mundo ao submundo.
E tem horas que o pensamento nos leva
ainda mais longe do que ousamos pensar.


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

saudade em heavy metal

 

 
 
Fatima Dannemann
 
Saudade é ouvir o Led Zeppelin
e deixar que o coração
pulse em Rock and Roll
Porque saudade tem idade, sim,
e é mais nova do que pensam por ai.
Saudade é um riff de guitarra
e as vezes é como um beat heavy-metal
toca fundo o coração
e dança e desliza.
Faz da vida uma Celebração.
É que saudade as vezes é boa.
Como ouvir Dancin Days.
Ir ao fundo. Subir uma escada para o céu.
Eternizar-se. Fazer de momentos que passaram
o momento, o espelho da própria vida.
Saudade é assim: uma música do Led Zeppelin.
Uma volta ao que ficou de bom.
E sem idade...
 
(tributo ao grupo de rock que marcou minha vida e o que eu ainda mais ouço até hoje. O Led Zeppelin, claro. Ah, e o jethro tull e supertramp também).
 
 
http://public.fotki.com/fdann/assinaturas/
assinaturas pra quem quiser - deixe comentario
 

reflexão poética num anoitecer de chuva

Fatima Dannemann

as vezes o mundo é rosa ou não
as vezes lembramos do mundo em cores
ou não
as vezes as imagens se confundem
as vezes rostos parecem rir do mundo
de todo mundo
as vezes a vida é assim
ou não

Eefeito estufa

 

 

Fátima Dannemann

 

Nada de chuva

Nesse inverno

De efeito estufa

Nada de chuva

Nem de frio

O vento apenas balança

Com suavidade

Uns poucos coqueiros

E nada mais

Nem sol

Atrás de poucas nuvens

 

Nada de vento mais forte

Nada de chuva

Nesse inverno

De monótonos junhos e julhos

Sem férias nem escola.

Nada de chuva

Nem de sol

Ou loucas temporadas

De risos festivos

Como no verão.

É apenas um inverno

De monótonos dias

E incontáveis horas

Sem frio

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Ato poético em cenas de lamento e de protesto

 

Fatima Dannemann 

 

(prologo) 

 

Eu sonhei que ser feliz era possivel
amor e poesia festejando a vida
poesia e amor de porta bandeira em minha vida
amor e poesia marcando o compasso da vida
 

Eu sonhei que ser feliz era possivel
E eu sonhei
eu sonhei e apenas sonhei
que a felicidade
era uma possibilidade
concreta
e mais que perfeita
 

 

(verbo na voz reflexiva) 

 

Olho o vazio de um mundo
que superprotege os falsos fracos
Olho o vazio de um mundo
que tira a sorte
dos pseudofortes...
Olho o vazio de um mundo
que se perde em ilusão
e jura buscar a verdade.
 

 

(Um grito ou chamado em compasso de lamento) 

 

Justiça,
tiraram-lhe a venda.
Vitória,
triunfo do bem,
surrupiaram a espada.
Jogaram cinza no verde da esperança
Vulgarizaram o amor com purpurina
Desfocaram a visão dos sonhadores
Deturparam as palavras dos pensadores
 

 

(ato de protesto e chamado) 

 

Parem!
Gritem basta
Parem de esconder a beleza
Dê passagem para outros sonhadores
Chega de derrotas,
gritem basta e vamos esperar o momento
de gritar bem alto
de cantar bem alto
a nossa alegria e a felicidade...
 

 

(para repetir como um mantra e acreditar nos sonhos) 

 

eu sei que a vida é possivel
eu sei que amor e poesia
fazem festa em nossa vida
eu sei
eu sonhei
eu sonho
e qualquer trajetória
que nos leva a plenitude
é a resposta correta
na prova da vida.

 

Noturno opus 18 - by Fatima Dannemann

Noturno opus 18

Fatima Dannemann

Por que sigo catando estrelas
em noite de lua
e em noites sem lua tambem?
Por que persigo sonhos
e ainda danço
sem direito a sonhar?
Por que viajo nas notas
de um Noturno de Chopin
se o mundo é mais apressado
do que acordes dolentes
num piano solitário?
Por que sonho eu?
E por quem sonho enquanto
conto constelações no espaço?

Noites de música suave,
questionamentos imersos em
imagens telúricas...
Um arpejo no plano de fundo,
pianíssimo...
Como meus simples sonhos,
porque catar estrelas
nunca foi complicado...

Parada junto a janela,
olho o céu e procuro estrelas
e me pergunto: Porque?
No mundo, não cabem sonhadores,
a menos que sonhar seja
planejar a realidade...

Mas insisto em voar numa nota musical...
E me vejo passeando entre os astros.
Catando estrelas como se fossem flores
para dar a algum amado...

Não.
Visões de sonhos não cabem num mundo tresloucado.
O noturno encerra com acordes tristes,
e eu fecho a cortina,
e cerro a janela.
Talvez eu durma, e dormindo insista em sonhar.
E talvez me venham novas imagens...

Não,
visões e sonhos talvez não caibam no mundo real,
mas eu teimo...
Se os sonhos continuarem a tornar
minha realidade mais doce,
vou continuar catando estrelas,
e ouvindo arpejos dolentes
em pianos solitários.



Poemeto de Instrução



Fatima Dannemann

Em caso de monotonia,
quebre o ritmo

Modo de ler,
vide verso