No dia seguinte
a vida reacorda
como a flor que desabrocha
após o inverno...
No dia seguinte,
um outro dia,
um novo sonho,
como uma nova flor
a despontar do nada
e traduzir o tudo.
O dia seguinte,
o que segue o dia transcorrido,
a vida que chega ou que renasce,
e o sol reamanhece o mundo
despindo o céu das estrelas.
No dia seguinte,
o passado é morto e sepultado,
sobram apenas cinzas,
poeira de estrelas,
restos de festas ou traumas de dores.
E o dia seguinte, no dia seguinte,
já terá ido.
quinta-feira, 26 de março de 2009
No dia seguinte - Fatima Dannemann
Ser Noturno - Fatima Dannemann
O poeta é um ser noturno.
Se insone e solitário,
ouve as estrelas
e traduz o linguajar dos astros,
e dança a música que vem das esferas
com palavras ritimadas
ou rimadas.
Se insone, mas amado,
o poeta vibra poesia
em beijos à sua musa.
E tatua palavras no corpo amado,
fazendo poesia com os cinco sentidos.
Se dorme, o poeta invoca a amada
na penumbra etérea
que forma o mundo dos sonhos,
ele tece versos
em atos imaginários.
O poeta é um ser da noite
como a lua,
e busca no escuro do silêncio
dar forma ao mundo
que se esconde em sua alma.
O poeta, filho da lua
abençoado pelas estrelas,
vive a noite sem temer o escuro,
pois sua alma é clara
como o mais belo do dia.
poema in blue numero 2 - by Fatima
From: Fatima Dannemann
To: mesadebar@grupos.com.br ; lara.com@grupos.com.br
Sent: Tuesday, April 22, 2003 9:14 PM
Subject: poema in blue numero 2 - by Fatima
Fatima Dannemann
Mr. Guitarman, toque um blues...
Só unzinho,
daqueles cheios de lamentos
daqueles que tocam a alma,
que nem os de BB King.
Toca um blues ai,
qualquer um,
mas pode ser mais de um...
um, dois, tres, dez,
quantos forem,
contanto que sejam para mim.
domingo, 22 de março de 2009
Através da janela da Lia
Vejo o por do sol
da janela do oitavo andar
e peço licença poética
para falar sobre
o concreto poético
da esquina mais próxima
e periquitos gritam
sem licença
e o verde rompe o cinza
por que verde é a cor
de algumas poesias
e verde é o tom da camisa do poeta
e eu não peço licença
para soltar meu sorriso
e rio para periquitos que voam
indiferentes
diante de janelas de blindex
e a vida é concreta
como a fagulha de um isqueiro
que acende um cigarro
ou um incenso
e a vida são horas de papo
sobre as idas e vindas
de vidas que se cruzam com as vidas.
E eu peço licença ao poeta
e me dou uma pausa para o café
e peço licença ao sol que se põe
para esperar a lua que chega de mansinho…
E dá vontade de ninar os periquitos
de por os passaros e todo o verde
para dormir
porque eu também estou com sono…
E faço da minha voz
um poema
ou ladainha…
Que digam alô a beleza
e venha a noite depois que o sol se for
Sâo Paulo - 11.10.2004
Segundo canto profano
Não considero Aparecida minha padroeira
pois não rezo para santas que se vestem de negro
e pegam pesado no excesso de enfeites.
Prefiro o despojamento das deusas orientais
então, canto mantos para Tara
e acendo velas penando em Kwan Yin.
Mas não quero negrumes que lembram Eriskigall
sou baiana, e a cor da minha santa é o vermelho de Iansã
ou o amarelo dourado do véu de Oxum.
E louvo a Rhianon. Me salvo pela luz da verdade
que é mais que o sorriso amarelo
das falsas deusas vestidas de negro
que voam pela noite fingindo-se de boazinhas.
Asas da Memória
quarta-feira, 18 de março de 2009
Ser Noturno
O poeta é um ser noturno.
Se insone e solitário,
ouve as estrelas
e traduz o linguajar dos astros,
e dança a música que vem das esferas
com palavras ritimadas
ou rimadas.
Se insone, mas amado,
o poeta vibra poesia
em beijos à sua musa.
E tatua palavras no corpo amado,
fazendo poesia com os cinco sentidos.
Se dorme, o poeta invoca a amada
na penumbra etérea
que forma o mundo dos sonhos,
ele tece versos
em atos imaginários.
O poeta é um ser da noite
como a lua,
e busca no escuro do silêncio
dar forma ao mundo
que se esconde em sua alma.
O poeta, filho da lua
abençoado pelas estrelas,
vive a noite sem temer o escuro,
pois sua alma é clara
como o mais belo do dia.
saudade em heavy metal
Saudade é ouvir o Led Zeppelin
e deixar que o coração
pulse em Rock and Roll
Porque saudade tem idade, sim,
e é mais nova do que pensam por ai.
Saudade é um riff de guitarra
e as vezes é como um beat heavy-metal
toca fundo o coração
e dança e desliza.
Faz da vida uma Celebração.
É que saudade as vezes é boa.
Como ouvir Dancin Days.
Ir ao fundo. Subir uma escada para o céu.
Eternizar-se. Fazer de momentos que passaram
o momento, o espelho da própria vida.
Saudade é assim: uma música do Led Zeppelin.
Uma volta ao que ficou de bom.
E sem idade...
sábado, 14 de março de 2009
Clair de Lune
Noite de brilho e de prata
Noite de lua cheia
Noite de todas as estrelas no céu
Noite em que o mar parece um tapete de sonhos
No ar, uma música suave
No ar, apenas o perfume de flores notívagas
No ar, uma brisa mansa
e é noite
uma noite clara
abençoada pela lua cheia
A lua cheia sorri
como um bebê gorducho e bem amado,
namorados se beijam
amados distantes sonham
com o encontro ou reencontro
uma lágrima cai de mansinho no canto dos olhos...
alegria, saudade, ternura, amor...
Turbilhão de sentimentos numa noite de luar
Até fria,
mas suave como o toque de uma flauta doce...
E o brilho de prata da mãe lua
abençoa a noite...
Sonhos...
A hora de dormir não chega
A hora de dormir até chega
Mas eis que dormir sozinho é muito chato,
pensa alguem que busca a lua
nos olhos do ser amado...
E a lua sorri como um bebê gorducho,
mas é apenas uma mãe amorosa e compassiva
e o mar borbulha e quebra na areia
e a brisa beija a flor notívaga
é noite...
apenas noite...
hora de sonhar que o amor é possivel...
e o amor é...
Catadora de Estrelas
Sou
pensadora na janela
a contar estrelas...
Olho para a lua
e ouço o
Clair de Lune
dançando nas teclas
do piano...
Sou
pescadora de sonhos
deslizando no arco-íris
de meus pensamentos
onde cato estrelas.
E vejo
grãos de poeira cósmica
que brilham em minhas mãos
como purpurina...
Sou
viajante das idéias
deslizando nas palavras.
Faço das frases
meu tapete voador
e percorro...
Saio pelo mundo
a olhar para os astros...
Ouço um piano
e paro para escutar
a sutileza do silêncio.
Sou
ser errante,
sonhadora e voadora
a procura
de um porto tranqüilo
para pousar.
Alguns fragmentos
I
Convenções são passageiras
Convicções são certeza
Mas nem a certeza
é permanente
II
No meio dos ritos
o mito
No meio dos mitos
alguma crença
III
Enquanto isto antes de dormir
eu leio lendas dos deuses celtas
e sonho com os anjos
IV
Não é preciso
compreender
para sentir
V
E a poesia não
precisa fazer sentido
basta apenas ser sentida
VI
e o ideal é uma eterna busca.
No final?
o jornal...
segunda-feira, 9 de março de 2009
Obra Eterna
Fatima Dannemann
Toda arte é sofrida.
Talvez nem todas,
mas algumas artes
são como partos complicados
e se tornam difíceis.
O verdadeiro artista
faz de suas obras
um filho que não é seu,
mas é do mundo.
Desafia o tempo,
expande espaço,
explora idéias,
transmuta sentimentos
e dificuldades.
Toda arte é dificil
como um parto complicado.
Talvez nem todas,
mas a verdadeira arte
é um filho da eternidade.
Como um filho,
é um pedaço da vida do artista
doado ao mundo.
Doloroso, talvez, como um parto,
mas belo como uma criança,
uma obra eterna,
um pedaço do ser perenizado.
Poemeto de Luta
é como fazer
um soldado
morrer em vão.
Sangue derramado
sem justa causa
apenas destruição.
quarta-feira, 4 de março de 2009
Outros Pagodes
cheias de requebro,
enquanto o berimbau
cadencia a capoeira.
Olê-lê maculelê
dançam as lendas e os deuses
no terreiro do folclore
Fatima Dannemann
Poemeto 4
o braço do amor
a fraternidade dos braços
em nome da paz...
Braços que são ponte de luz
abraços que transmitem
toda a energia do amor
Fatima Dannemann
Poemeto 3
Ofereço meus versos a um editor
que realize esse meu sonho de papel.
Se não quiser versos, ofereço prosa.
Histórias bem humoradas
daquelas que fazem qualquer crise sumir na poeira.
Não, não pago nem um centavo.
Quero, sim, ter lucros.
Pois sonhos são alegrias.
Tratar via e-mail ou telefone.
O que for mais rápido e mais real
FATIMA DANNEMANN
Poemeto 2
Poema-Funk
a saia também
Grande só molejo nas cadeiras
da menina
e rebola, rebola
que dá e dá
só não vale pisar na bola
senão, senão o bicho vai pegar
FATIMA DANNEMANN
Cheiro da Terra
Fatima Dannemann
O cheiro da terra
é de flor e de mato.
Cheiro verde
como tempero de salada.
O cheiro da terra
é de água correndo.
Cheiro azul profundo,
como as águas de um lago.
O cheiro da terra
é de bicho pastando.
Cheiro vermelho
de sangue pulsando
vida nas veias.
O cheiro da terra
tem mil perfumes
e muitas cores.
É feito de bicho e de planta.
É cheiro de terra, fogo, água e ar.
É cheiro de vida,
simples e ao mesmo tempo
intraduzível.
Só nós dois...
Faz frio lá fora
mas eu não ligo.
Com você, a vida
é um eterno verão.
Há perigo na rua.
Mas, eu não corro riscos.
Com você, aqui por perto,
não preciso de heróis.
O mundo roda lá fora
e eu não reparo.
Com você aqui, juntinho,
que me importam outras órbitas?
Me bastam as dos seus olhos.
A vida corre lá fora...
Mas, corre aqui dentro também.
O mundo dos outros, é deles.
Meu mundo?
Somos nós dois e mais ninguém.
Poemeto
como a lua mais bela
doce
como a brisa mais suave
Mulher
sintese da criação do mundo
o fio onde a vida começa
Fatima Dannemann
domingo, 1 de março de 2009
Mau dormir
quarto deserto
a melancolia
da cama desfeita
marcas da noite
marcas da insonia
e da incerteza
Fatima Dannemann
Duplicidade
corpo de mulher ou de menina?
as mãos que seguram as flores
trazem a ternura de um gesto timido
e o vermelho das rosas revela o fogo interior
escondido na pureza
do branco do vestido
Fatima Dannemann