domingo, 22 de março de 2009

Através da janela da Lia

Fatima Dannemann

Vejo o por do sol
da janela do oitavo andar
e peço licença poética
para falar sobre
o concreto poético
da esquina mais próxima
e periquitos gritam
sem licença
e o verde rompe o cinza
por que verde é a cor
de algumas poesias
e verde é o tom da camisa do poeta
e eu não peço licença
para soltar meu sorriso
e rio para periquitos que voam
indiferentes
diante de janelas de blindex
e a vida é concreta
como a fagulha de um isqueiro
que acende um cigarro
ou um incenso
e a vida são horas de papo
sobre as idas e vindas
de vidas que se cruzam com as vidas.
E eu peço licença ao poeta
e me dou uma pausa para o café
e peço licença ao sol que se põe
para esperar a lua que chega de mansinho…
E dá vontade de ninar os periquitos
de por os passaros e todo o verde
para dormir
porque eu também estou com sono…
E faço da minha voz
um poema
ou ladainha…
Que digam alô a beleza
e venha a noite depois que o sol se for

Sâo Paulo - 11.10.2004

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