sábado, 31 de janeiro de 2009

manhã de inverno

Fatima Dannemann

manhã de inverno
vento que uiva e adverte
e eu não vejo o mar.
uma flauta tribal
dá o toque sombrio
e aproveito para meditar
o sentido da vida
e o que não faz tanto sentido na vida
os vais e vens
como ondas em dias revoltos
a alternancia
o frio, o calor
e as cores
na falta de cores entre a neblina.
Uma flauta tribal
me protege
Faz frio alem do mar
Faz mais frio no alto das montanhas
O vento é meu parceiro
e me traz novidades
E escondido no manto da neblina
brilha o sol...

 

 

Em algum lugar e todos os cantos do mundo

Fatima Dannemann
 
Em algum lugar
a luz de velas
ao som de um violino celta
sob o vento da noite
a soprar docemente
sob o olhar de flores flutuantes,
corpos que se fundem
num ato completo de amor.
 
Em algum porto,
numa praia onde repousa
um barco de pescaria,
sob o marulhar das ondas
sob o farfalhar do vento lá fora
sentindo a dança das areias úmidas
banhadas pela noite estrelada
corpos que inspiram amor
rolam pelo cio da noite
e sugam a própria essencia da vida.
 
Em algum ponto
do infinito espaço
ao som da música das esferas
corpos que dançam sobre a lua
e apenas amam...
 
Em algum canto
em todos os pontos
e todos os cantos
corpos que amam
e amando
e vão traçando riscos
tramando uma rede
de sentimentos e sentidos...
 
Em algum lugar
a luz de vela,
ouvindo o marulhar das ondas
ao som de um violno celta
corpos que se amam
em uma alma única.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Busca e espera

Fatima Dannemann

Olho o horizonte
em busca de sinais.
Vasculho o céu
a procura de estrelas.
Talvez...

A volta é o caminho de quem parte
mesmo que demore.
E o mundo roda.

Olho para o mar
e nas ondas busco uma resposta.
Olho para o vazio
entre as estrelas e procuro...
Não sei.

E a incerteza move a vida
por que o acaso mora em cada esquina.
Nos rostos e olhares
procuro um recado de quem partiu
Mas é como se não houvesse passagem de retorno.

Elos de ligação
que as vezes se partem.
E o que seria só um momento
vira uma eterna espera
uma busca sem futuro.

E eu então paro.
Não há porque olhar o horizonte
e ver montanhas de pedras.
Não há porque buscar estrelas
no céu nublado.

Resta esperar que a vida dê voltas
e eu digo: até a volta.
Talvez

Ato poético em cenas de lamento e de protesto

Fatima Dannemann

(prologo)

Eu sonhei que ser feliz era possivel
amor e poesia festejando a vida
poesia e amor de porta bandeira em minha vida
amor e poesia marcando o compasso da vida

Eu sonhei que ser feliz era possivel
E eu sonhei
eu sonhei e apenas sonhei
que a felicidade
era uma possibilidade
concreta
e mais que perfeita

(verbo na voz reflexiva)

Olho o vazio de um mundo
que superprotege os falsos fracos
Olho o vazio de um mundo
que tira a sorte
dos pseudofortes...
Olho o vazio de um mundo
que se perde em ilusão
e jura buscar a verdade.

(Um grito ou chamado em compasso de lamento)

Justiça,
tiraram-lhe a venda.
Vitória,
triunfo do bem,
surrupiaram a espada.
Jogaram cinza no verde da esperança
Vulgarizaram o amor com purpurina
Desfocaram a visão dos sonhadores
Deturparam as palavras dos pensadores

(ato de protesto e chamado)

Parem!
Gritem basta
Parem de esconder a beleza
Dê passagem para outros sonhadores
Chega de derrotas,
gritem basta e vamos esperar o momento
de gritar bem alto
de cantar bem alto
a nossa alegria e a felicidade...

(para repetir como um mantra e acreditar nos sonhos)

eu sei que a vida é possivel
eu sei que amor e poesia
fazem festa em nossa vida
eu sei
eu sonhei
eu sonho
e qualquer trajetória
que nos leva a plenitude
é a resposta correta
na prova da vida.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Resposta à luz do luar



Fatima Dannemann

Não,
não me tente lua...
Eu falei que nunca mais voltaria a escrever poemas
não há lugar para poemas
em minha louca vida pós-moderna.
Não fique ai dançando alva, redonda e bela,
lançando sua luz de prata sobre mim
e me pedindo para
por apenas um minuto
apagar todas as luzes,
sentar no escuro,
acender velas, incensos,
me sintonizar com a poesia e escrever alguma coisa...

Não,
não me tente, lua...
Jamais acertarei a escrever
de novo sequer um verso como os de antes.
Mudou a vida, mudaram-se os momentos...
Jamais conseguirei inspiração
suficiente, lua,
para achar a vida mágica
como eu achava em outros tempos...

Não
não mais poesia, lua,
não mais magia, senhora de todos os mundos,
não mais versos, deusa de lotus branca...
Mesmo descoberta pelas nuvens da incerteza
que enfim te deixam,
mesmo que seus raios
caiam
leves sobre minha cabeça,
ainda que sua luz me abençoe,
mãe de todas as estrelas,
jamais conseguirei ter uma intenção tão pura
como as de outro tempo,
jamais conseguirei escrever versos como antes.

Canto de desejo e sonho

Fatima Dannemann

Eu quero cantar
a toda voz
uma música que incendeie
a alma com a mais profunda alegria.
Eu quero fazer
da vida uma festa
e cantar muito
sem parar.
Como se a vida
fosse um karaokê interminável
e que o que importa
é colocar a voz para fora.
E nesse palco chamado vida
eu cantarei
com toda voz
uma música que revele meu lado mais leve.
E além de cantar, eu vou dançar e rir.
Talvez tome coragem e declame uma poesia.
Neste palco da vida, eu serei atriz
vivendo eu mesma
num louco script que transforma a vida em festa.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Fw: Canto sobre um sentimento especial - by Fatima Dannemann

Canto sobre um sentimento especial


Fatima Dannemann
 
Poetas do mundo
que cantam o amor e traduzem as formas belas
ou suas próprias sensações.
Poetas do mundo
troquem as musas e as motivações
e por um dia, falem sobre o amigo...
 
Ah, eu sei...
A poesia do amigo esbarra no lugar comum
e todos os poetas se perguntam:
Como falar de amizade
sem repetir frases feitas?
Como falar de amizade
sem parecer redundante?
 
Não se importem em parecer tolos,
quem ama sempre parece meio bobo
e quem tem um amigo, ama.
E ama de forma intensa.
E ama de forma mais apaixonada que se amasse qualquer musa,
pois um amigo verdadeiro sempre leva a amizade as ultimas consequencias.
 
Cantem, poetas,
sobre a amizade,
Cantem sobre o que significa dizer a um amigo "eu te amo"
e poder amar de forma livre,
sem egos, sem egoismos...
 
Cantemos todos, poetas ou leitores,
até os que desdenham a poesia,
cantemos em verso ou prosa.
Ou nem precisamos cantar nada,
a amizade é um sentimento profundo demais.
Sejamos amigos, então...
E vamos viver juntos um sentimento intraduzivel,
compartilhando todos os momentos,
talvez assim conseguiremos entender a amizade
em muito mais do as que palavras já ditas
por outros poetas
em outros tempos
e outras esferas...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Segundo canto profano - Fatima Dannemann

Fatima Dannemann

Não considero Aparecida minha padroeira
pois não rezo para santas que se vestem de negro
e pegam pesado no excesso de enfeites.
Prefiro o despojamento das deusas orientais
então, canto mantos para Tara
e acendo velas penando em Kwan Yin.
Mas não quero negrumes que lembram Eriskigall
sou baiana, e a cor da minha santa é o vermelho de Iansã
ou o amarelo dourado do véu de Oxum.
E louvo a Rhianon. Me salvo pela luz da verdade
que é mais que o sorriso amarelo
das falsas deusas vestidas de negro
que voam pela noite fingindo-se de boazinhas.

BANHO DE LETRAS


 
Fatima Dannemann
 
Banho
a minha alma
em letras
Brinco
com a espuma
das sílabas
Faço bolhas
com as palavras
enquanto
frases flutuam
exalando poemas

Atitude zen-poética



Fatima Dannemann

Nas entrelinhas do que parece vazio
o poeta dá forma a algumas palavras.
Não, não fale enquanto ele escreve.
Apenas espere um pouco. E então, leia e sinta.
Não julgue se há rimas ou sílabas erradas...
Não leia em voz alta
para não perceber se houver ausência de ritmos.
Apenas busque a essência e o sentimento.
Leia o poema como quem ouve uma música
ou contempla uma paisagem.
Isso basta.