domingo, 13 de setembro de 2009

Fim de festa

Fatima Dannemann

A fonte secou
O dia nublou
o vento parou
E como num passe
nem tão mágico
tudo ficou mudo
nem um som.
Calou-se a voz que dizia poesias
calou-se a garganta que cantava
a fonte secou...

e por ai, mais adiante,
outros brados de outros bardos
poesia? nem tanto...
calou-se a voz
secou-se a fonte
e o vento jogou as folhas longe

Conto para alguem dormir

Fatima Dannemann

O rato não arranhou
o jarro
e nem a aranha roeu
as roupas da rainha.

O rato se escondeu
nas crateras da lua
que nada mais eram
que buracos
num queijo de Minas.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Verso e reverso do clima que se transforma


Fatima Dannemann
As vezes,
dias de sol nos parecem dias de tempestade.
Enquanto isso:
dias de chuva se transformam em dias iluminados

Versos rasantes

Fatima Dannemann

Meus versos dão vôo rasante
sobre seu retrato.
Palavras e imagens que se cruzam
no universo das idéias.
Minhas palavras planam
sobre seu coração fechado
esperam a hora de pousarem serenas
como um presente
há muito esperado.
Meus versos, como borboletas
que voam sobre flores em um jardim especial,
planam sobre sua fotografia
a espera que seu coração se abra.

Salvador - 4.5.2003

Versos toscos com ares de desabafo

Fatima Dannemann
Perdeu-se em algum lugar
o toque da poesia.
De repente, o poder das palavras
sumiu sem avisar.
Travas,
amarras,
porque são tantas as censuras alheias
que nos bloqueiam a sensibilidade?
Porque não poder quebrar o silencio
gritando: versos, tou dentro!!!
E vejo rostos que desdenham
o que escrevo.
E vejo gente a me dizer:
"pare! eu não gosto de poesia".
E alguem me manda fazer medicina
porque os médicos podem ficar ricos,
ou me candidatar a deputada
e ficar rica com as benesses do congresso...
E vejo faiscantes olhos que me censuram
ao me ver em frente ao monitor.
E eu escrevo escondido.
E eu choro achando que escrever
é pecado...
E eu choro com medo de estar cometendo um crime.
Mas escrevo
Versos toscos com ares de desabafo
e disfarço fingindo ouvir uma velha musica
da idade média
ou fingir que folheio uma revista qualquer
talvez a Caras.
Não!!!
Musas, deuses, duendes, fadas, anjos,
seja lá quem protege as letras,
tome conta de minha alma.
Musas, deuses, duendes, fadas, anjos,
deixe que meu texto corra pelo mundo.
Versos toscos com ares de desabafo
Grito rouco de um poema censurado.
prova de vida num inferno vivo,
Muda conversa como um monólogo,
versos,
versos,
versos que voem, circulem o mundo,
quebrem gelos...
Prova de vida e amor em um meio adverso.
Versos toscos com ares de desabafo
Salvador, 13 de fevereiro de 2004

Vista de longe

Fatima Dannemann
Na televisão
não interessa
se não há buraco na rua
No telescópio
alguem repara
as crateras da lua

Zen-poemeto

Fatima Dannemann
Que seja minimalista
como um jardim zen,
que seja silencioso
como um mosteiro zen,
que seja simples
como um chá zen,
mas que seja intenso