terça-feira, 8 de setembro de 2009

Versos toscos com ares de desabafo

Fatima Dannemann
Perdeu-se em algum lugar
o toque da poesia.
De repente, o poder das palavras
sumiu sem avisar.
Travas,
amarras,
porque são tantas as censuras alheias
que nos bloqueiam a sensibilidade?
Porque não poder quebrar o silencio
gritando: versos, tou dentro!!!
E vejo rostos que desdenham
o que escrevo.
E vejo gente a me dizer:
"pare! eu não gosto de poesia".
E alguem me manda fazer medicina
porque os médicos podem ficar ricos,
ou me candidatar a deputada
e ficar rica com as benesses do congresso...
E vejo faiscantes olhos que me censuram
ao me ver em frente ao monitor.
E eu escrevo escondido.
E eu choro achando que escrever
é pecado...
E eu choro com medo de estar cometendo um crime.
Mas escrevo
Versos toscos com ares de desabafo
e disfarço fingindo ouvir uma velha musica
da idade média
ou fingir que folheio uma revista qualquer
talvez a Caras.
Não!!!
Musas, deuses, duendes, fadas, anjos,
seja lá quem protege as letras,
tome conta de minha alma.
Musas, deuses, duendes, fadas, anjos,
deixe que meu texto corra pelo mundo.
Versos toscos com ares de desabafo
Grito rouco de um poema censurado.
prova de vida num inferno vivo,
Muda conversa como um monólogo,
versos,
versos,
versos que voem, circulem o mundo,
quebrem gelos...
Prova de vida e amor em um meio adverso.
Versos toscos com ares de desabafo
Salvador, 13 de fevereiro de 2004

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