quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Quando Alice se olha no espelho

Fatima Dannemann

As vezes me olho no espelho
e me acho linda
Noutras vezes me olho no espelho
mas não acho nada
apenas olho a imagem no espelho.
As vezes me olho no espelho,
ai eu analiso
e penso que ali está apenas um reflexo
e não sou eu
a me olhar do outro lado do espelho
sem achar nada
apenas contemplando...

Quando Alice se olha no espelho

Fatima Dannemann

As vezes me olho no espelho
e me acho linda
Noutras vezes me olho no espelho
mas não acho nada
apenas olho a imagem no espelho.
As vezes me olho no espelho,
ai eu analiso
e penso que ali está apenas um reflexo
e não sou eu
a me olhar do outro lado do espelho
sem achar nada
apenas contemplando...

Toque

Fatima Dannemann

Uma nota
um tom
um som
sei lá
se o sol
em si ou mi
toca o piano
e faz se
a musica
em qualquer tom
maior ou mais intenso
menor ou plus que lent
allegro ma non troppo
seja uma nota
musical
ou no jornal
uma cadência
um toque
ou um aviso
seja uma musica
ou apenas um ensaio
de peça no palco
de peça no carro
e samba no pé
seja nota
ou seja som
sei lá se o sol
aqui ou la
fa si a face
ali ou em mi

Vida Velha

Fatima Dannemann

Ano novo...
Um novo janeiro
assinalando novas datas.
Mas, a vida permanece
a mesma de outros meses
a mesma de tempos passados...
São sonhos e planos
com prazo de validade vencida
memórias tristes,
ressentimentos...
Ai, se o ano sö tivesse janeirosse a vida sö tivesse a esperança
dos primeiros dias...
Queimam fogos de artificio numa praia alheia
mas e a vida?
Flores de dezembro que murcham
em vasos quebrados,
sonhos vencidos
planos esgotados...
A mesmice da vida a lembrar
que anos e meses
são apenas convenções de data.
E mais nada.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Poema de uma noite de verão - Fatima Dannemann

Poema de uma noite de verão

Fatima Dannemann

Lua...
Brisa quente...
Mar tranquilo
Salta uma cerveja gelada com urgencia
e eu penso na vida
olho para o horizonte e penso:
o que será que existe alem do arco-iris
(e isso já deu música
como o titulo desse poema é
propositadamente inspirado
numa peça antiga).
Lua cheia...
ah, lua cheia...
bom de apenas sentar no gramado
olhar pro céu e contemplar as estrelas.
mas eu quero mais que isso
e ando por ai de carro
o que já é suficientemente perigoso,
e eu não corro o risco de tropeçar
nas calçadas esburacadas
que a prefeitura nunca manda consertar...
(e isso não é nada poético
mas faz de conta que a vida
cometeu operação ilegal,
será fechada
e precisa ser reiniciada logo a seguir)
E eu lembro
que o garçom me (des)atendeu
não trouxe minha cerveja
e aliás eu prefiro uma vodka
- me traz uma roska de qualquer fruta
estamos conversados
e ninguem fala mais nisso...
Lua cheia, lua nova,
nem sei qual a fase da lua.
Noite de esbá, noite de cantar para a deusa
noite de dançar em ritual secreto
e eu ouço Nusrat cantando um cântico sufi
lembro das vitimas das intempéries na Asia
lembro das vitimas de todas as intemperies
e rezo pelas vítimas da eterna seca
que só vêem a cor de uma água:
o marrom da terra sem plantas
e sem comida...
(mas isso já deu filme
e não se fala mais nisso)
Lua,
eu ouço Nusrat
e penso no dia...
Surya, o sol que me traz seus raios todas as manhãs...
Abençoe minha noite
abençoe todas as noites
sagradas e profanas.
(e este é apenas um poema
escrito numa noite de verão)

olhos de luz - fatima dannemann

Olhos de Luz

Fatima Dannemann

Felinos,
tem olhos iluminados
e um porte elegante
de quem se sabe
de familia nobre.
Felinos, tem olhos de luz
farois que iluminam a noite
e transformam a escuridão
em algo corriqueiro e banal
como uma brincadeira de criança.
Gatos, tigres, leopardos,
linces, onças, panteras,
meigos ou feras,
os felinos se sabem grandes
e importantes.
Suas garras deslizam macio
pelos telhados.
Miam para as estrelas reluzindo
o verde dos seus olhos,
faróis que transformam a noite em brincadeira.
Felinamente, olhos que brilham
são olhos de gato,
ou de leão, de leopardo,
os olhos de luz trai a camuflagem
de seus pelos rajados e tigrados.
Felinos, tem olhos de luz,
descargas elétricas que
dão a noite um ar de mistério...

Poema Noturno

Fatima Dannemann


Numa noite qualquer
seguro a caneta
e rabisco palavras
num resto de bloco
de papel

Numa noite qualquer
tramo versos
pensando em cerveja
ouço o silêncio
e imagino rock and roll

Numa noite qualquer
me visto de estrelas
tento sonhar o possível
alcançar o atingível
ser cupido e flechar
o coração de quem queira sonhar comigo

Numa noite qualquer
perambulo pelas ruas
do pensamento
e vou catando estrelas de cristal
para fazer um anel

Numa noite qualquer
Me sento a janela
como uma musa de pintura
e vejo o tempo passar.
Espero o dia nascer

Numa noite qualquer
faço planos pro outro dia
vejo que noites são apenas noites
calmas, tranqüilas, agitadas
Mas apenas noites
como uma noite qualquer


quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

notas soltas - by Fatima Dannemann

Notas Soltas

Fatima Dannemann©

Notas soltas
fragmentos de uma musica
perdida
em tempo e espaço...
Acordes indistintos
numa partitura inacabada...
Um pedaço de canção
sem ritmo,
sem melodia,
apenas notas soltas
sons perdidos entre
o tempo e o espaço
como retalhos de uma vida
dividida
em ontem, hoje, amanhã,
em busca do depois...

sombria - fatima dannemann

SOMBRIA...

Fatima Dannemann


O vulto na esquina
é o de uma mulher sem rosto
e sem nome.
Misteriosa,
como a alma da noite,
esconde a face
sob o véu de negros cabelos.
Apenas mostra
a boca rubra
de batom barato.

Sombria.
A mulher na esquina
tem cheiro de perigo.
Seu rosto alvo
sem contornos,
lembra ameaça.

A esquina,
numa noite de lua negra,
se divide entre amor e perigo.
Esterlas nem brilham
e a luz do poste esmaecida
revela uma mulher misteriosa.

Sombria.
Tal e qual um fantasma
ela revela a morte anunciada.

Quem é você,
vulto noturno?
Porque näo dorme?
O que procura perdida
na virada da rua,
espectral como fantasma?

E a mulher das sombras
ri sem ter dentes.
E seu riso gela a alma.
Ela não tem rosto, nem nome.
É apenas um vulto.
Talvez um fantasma.