quarta-feira, 30 de julho de 2008

Aluguel

Alugo o Papai Noel
por um dia
não mais que um dia
para que ele me traga
de presente
as lembranças doces
dos brinquedos preferidos
que eu ganhei
nos natais da minha infância

FATIMA DANNEMANN

amarras

Soltem as amarras da paz
Libertem a paz da gaiola do poder
Deixem que a paz voe livre pelo mundo
e se espalhe entre os homens
para que eles exerçam a boa vontade.

Fatima Dannemann

Poema de quase-noite



Fatima Dannemann

Já que anoitece
o melhor é esperar
a novela
pois nem sempre dá
para ver o por do sol.
Já que anoitece,
é hora de tomar uma
cerveja perto do mar.
Sentir uma brisa,
qualquer brisa
e imaginar uma gaivota
lá longe procurando
um lugar para domir.
Já que anoitece,
é hora de pensar um pouco
e ver quantos poemas
foram escritos sobre
a noite
sobre o por do sol
e a quase noite...
E o melhor é sentar
num bar,
tomar o por do sol,
e esperar a hora da novela

carnaval

Fatima Dannemann

Baianos de abada,
ensinam a transformar
o cetim da colombina ou pierrô
numa rede para descanso depois do carnaval.
Não há reis, princesas
Nem piratas, nem jardineiras.
Trocam-se as máscaras por garrafinhas
de água de coco, ou latinha de cerveja.
E vestidos com a fantasia do dia a dia
todos na gandaia, atrás do trio elétrico.

(reescrito)

domingo, 27 de julho de 2008

Sobre a chuva antes do verão e as musicas de minha lembrança - Fatima Dannemann

Sobre a chuva antes do verão e as musicas de minha
lembrança

Fatima Dannemann

Chove
Em pleno novembro
quase verão
e chove
e eu ouço alguem
cantando em francês
uma musica que fala da Lua
e eu ouço uma musica
sobre a lua
em plena luz do dia...
Chove
e eu leio o jornal
procurando noticias
sobre o jogo do Bahia.
Raios de sol cortam
os pingos de chuva
raios de sol iluminam
nuvens
e é quase dezembro
mas não tem sol
na capital do verão
e eu ouço uma musica em frances
que fala sobre a vida
mas não é a c´est la vie
da minha adolescencia
de rock progressivo
e não é a mesma vida
de minha adolescencia
quase punk
é apenas um dia como outro dia
de céu sem sol
num quase dezembro
num quase verão
que chove
e eu sinto o cheiro da terra molhada
entre motores de carros que correm
e choro
e peço a algum deus que me dê noticias
e já não ouço ninguem cantando em frances
os rocks progressivos ficaram pra trás
junto com os eclipses ocultos e revelados
entre blues do djavan e do BB King
e eu estou triste e escrevo uma poesia
e fico alegre e escrevo uma poesia
e fico zen e leio uns versos
Thich nah hahn faz as cabeças
dos alunos da aula de yoga
e eu medito no vazio
no oco da toca de um bebê descerebrado:
filhos que as mães não querem ter...
e ouço Djavan cantando enquanto chove
se acontecer...
se acontecer...
e é preciso fazer nunca esperar
nunca torcer a não ser pelo meu time...
e eu fico triste e escrevo uma poesia
e fico alegre e rabisco certos versos
palavras inteiras, frases, sentimentos transmutados
e me permito ter saudade de tempos remotos
e me permito chorar por chuvas escoadas
por leite derramado...
e pego a mochila de lembranças
e sigo na estrada da vida
numa trilha sonora
de rocks saudosistas...

domingueiro II - fatima dannemann

Domingueiro II

Fatima Dannemann

Domingo é dia de contar as horas
é dia de cortar as horas
é dia de cortar as aparas
é dia de cortar as amarras
e botar a vida em dia...
Domingo é dia de arrastar-se
num far niente que nem sempre é doce
num descanso que nem sempre é mole
numa festa que as vezes cansa
numa falta de obrigação obrigatoria
Domingo é dia de sentir falta
é dia de sentar na varanda
ligar o rádio e ouvir uma musica qualquer
um som aleatório
e apenas zanzar pelos pensamentos
como alguem que apenas passa pela vida
Domingo é dia de lembrar
outros domingos
segundas, terças, quartas-feiras
dia de planejar semanas inteiras
lembrar sonhos esquecidos
planejar o impensavel
fazer da vida um monumento a preguiça...
Domingo é dia de contar as horas
de cortar lembranças
de curar feridas
de sarar doenças
de sair pela ruas ou ficar em casa
e receber visitas
contar piadas
cortar saidas...
Domingo hora de esperar a noite
e contar as horas
para a segunda-feira.

Desenhos



Fatima Dannemann


Desenho uma lua cheia
Numa meia lua
Traço uma reta
e meu desenho
é um arco e flecha.
Um telhado de uma casa
vira a seta do cupido
acertando um coração
que vou riscando
ao traças linhas tortas
Saio rabiscando
e crio um caracol
no que era para ser
uma espiral de caderno.
Minha página
está toda rabiscada
e colorida.
Lua
coração
seta de cupido
caracol
espirais...
Linhas tortas
onde deveria haver
a simetria das retas
e a harmonia das formas




Oração a mãe terra - Fatima Dannemann



Oração a Mãe Terra

Fatima Dannemann

Salve, mãe terra,
cheia de graça,
esplendorosa seja vossa beleza,
abençoado seja vosso solo
assim no universo
como no paraíso.
Perdoais vossos filhos desregrados
que dizimam vossas flores e frutos,
que ameaçam vossos animais,
que arruinam vossas riquezas
e nossos alimentos.
Abençoais aos que zelam por vós,
e segui em vossa dança no universo,
agora e sempre,
eternamente.

Vista a camisa da Cultura de Paz.
Substitua Guevara por Gandhi.
e aprenda a querer bem, a mudar, sem ter de matar ou morrer.
(monja Coen, missionaria da religião Soto-Zen)

http://apenaspoemas.blig.ig.com.br/ -   visitem,  comentem
e votem no top30

sábado, 19 de julho de 2008

Meditação sobre a amizade - Fatima Dannemann

Meditação sobre a amizade
 
Fatima Dannemann
 
Abra as portas do coração
Para amizade entrar e sair
Deixe o sentimento circular
Dê, receba, troque, acolha, recolha,
Ria, gargalhe, chore, abrace, ame...
Deixa a amizade ser você mesmo
Em todos os minutos.
Procure alguém conhecido
E fale com ele
Explore o desconhecido
E torne-se um novo amigo.
Vá e volte
Venha e retorne.
Chegue contando as novidades
Venha perguntando o que aconteceu.
Amizade, como foi seu dia?
E pergunte os planos para a próxima semana.
Conte seus sonhos.
Amizade é ir e vir
Chegar e voltar
Amizade é acolher e ter carinho
Amizade é chorar e ter saudade.
Fique.
Feche os olhos e recorde.
Sinta o toque do abraço amigo.
Ponha a mão no coração
E lembre o amigo que está longe.
Lembre o amigo que se foi para ainda mais longe.
Lembre os amigos que apenas partiram...
Sinta a amizade como o ir e vir.
Amizade é chegar e ficar.
É lembrar alguém querido
Alguém que se tornou querido só por existir.
Longe ou perto.
Deixe a amizade fluir em sua vida.
Sinta o toque.
Sinta a troca.
Ria e chore.
Compartilhe.
Amizade é isso...
E ouça o riso
Na mesa do bar.
Escute a fofoca e as novidades
Embaixo do secador.
Acolha...
E amizade é apenas ser amigo.
 

poemeto equilibrista - fatima dannemann


Poemeto equilibrista

Fatima Dannemann

As vezes andamos assim
meio na corda bamba
entre corações e flores
equilibrando sentimentos
bons e ruins

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Dadivas

Ver a vida
em pequenos grãos
Sentir a vida
em pequenas flores
Dar a vida
em pequenos gestos
ser apenas humano
e é muito
 
Fatima Dannemann

domingo, 6 de julho de 2008

a fada da janela do meu quarto - tirada do fundo do bau

A fada da janela do meu quarto


Fatima Dannemann©


Na janela do meu quarto
tem uma fada.
Asa de pirilampo,
corpo de sereia,
ela flutua na janela
meio curvada
como se quisesse
me contar alguma coisa.

A fada da janela
do meu quarto
usa chapéu de bruxa
e parece soprar um beijo
para alguém lá longe...


Na janela do meu quarto,
uma pequena fada
chamuscada
por uma vela cor de rosa,
toma conta das sombras
que tentam entrar
durante a noite...

A pequena fada
cabe na palma da mão
usa chapéu de bruxa,
mas esqueceu
a varinha de condão.
Diz ela que não precisa.
Coisas de fadas modernas,
encanta por si só.
Com suas asas de pirilampo.
Corpo de sereia.
E um top tão fashion
que parece ter sido
comprado em boutique.

Essa é a minha pequena
fada chamuscada.
Presa na janela,
a vigiar por mim...

quadra em degrau - por Fatima Dannemann


Quadra em degrau


Fatima Dannemann

Por mais dura que seja
subida ou descida, 
No fim de cada escada
  há o patamar da espera...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

conto para alguem dormir - Fatima Dannemann



Conto para alguem dormir

Fatima Dannemann

O rato não arranhou
o jarro
e nem a aranha roeu
as roupas da rainha.

O rato se escondeu
nas crateras da lua
que nada mais eram
que buracos
num queijo de Minas.

Velhos Clichês



Fatima Dannemann®

Procurei uns versos bonitos.
Qualquer coisa que rimasse,
que fizesse bem aos olhos, aos ouvidos
e principalmente a alma.

Procurei palavras amenas,
algo como uma cena de amor
ou paisagem
de floresta no outono...

Mas, tudo já foi dito.
Resta apenas repetir velhos clichês.
E torcer para que você não repare na forma,
nem no conteúdo.
Mas, nos sentimentos ocultos
que minhas frases encobrem...

A filha da lua _ Fatima Dannemann

Fatima Dannemann


A filha da lua
nasce no mar
como uma Vênus
que sai da concha.
Pele prateada
pelo brilho das estrelas,
olhos que brilham sonhadores
esperando o amanhã tranquilo.
A filha da lua
é mulher da noite,
uma deusa de estrelas.
Feita de matéria etérea
como a quintessência dos sonhos.
Uma deusa da noite
que mora em qualquer lugar,
depois que nasce no mar,
como a própria lua.
A filha da lua,
surgida entre ondas que se quebram...
A essência dos sonhos
Presente em todos os seres

Poemeto de Instrução - Fatima Dannemann


Fatima Dannemann

Em caso de monotonia,
quebre o ritmo

Modo de ler,
vide verso