sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pares trocados em desencontros conformados

Fatima Dannemann

Dançam corações e corpos
na pista de dança
como se rezassem
para curar feridas.
Deslizam pela pista
em pares descompassados.
Olhos que buscam outros olhos,
corações que choram
e expulsam
uma ilusão perdida.
Dançam pares trocados,
olhares ímpares e
corações quebrados,
olhares que se cruzam tristes
num baile louco
das desilusões da vida.
E a música prega peças,
como se cupido lançasse setas tortas
e a vida se transforma numa festa doida
onde o amor é uma babel confusa
e não há lugar para sonhos...
Pares dançam em desencontros conformados,
a musica geme como um suspiro triste
amores que chegam e vão embora
numa dança fugaz
e apenas isso.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Anônimo Amigo



Fatima Dannemann



O melhor amigo de todos os poetas
É o leitor . Sim, o leitor...
Este anônimo amigo
Que transcende o tempo,
Extrapola as eras
E mergulha de corpo e alma
Num verdadeiro banho de letras.
Leitor, inseparável companheiro de todos os poetas
O que fica em silêncio meditando nas palavras
Pensando nos sentidos,
Viajando em cada estrofe, verso, figura
Sintonizando-se com a poesia.
A musa muitas vezes desdenha o poema
- ou o poeta –
Os críticos? Ah, esses...
Eles procuram nós em pingo d’água
E simplesmente saem apontando defeitos formais
Erros fatais...
Como se arte, literatura e poesia
Precisasse ter a precisão exata da ciência.
Estudantes? Ah, esses lêem por obrigação.
As vezes decoram versos para declamar
Nas festinhas da escola.
E, na maioria das vezes, é tudo.
Não, o melhor amigo do poeta
É o leitor.
Leitor comum e anônimo,
Aquele que sente na pele e na alma
Cada sentido e cada som,
Cada sentimento,
Todos os cantos
E todos os lamentos
E que ao ler os versos com toda sua alma presente
Se faz parceiro do poeta,
Um grande amigo,
Quase uma alma gêmea.