Lua...
Brisa quente...
Mar tranquilo
Salta uma cerveja gelada com urgencia
e eu penso na vida
olho para o horizonte e penso:
o que será que existe alem do arco-iris
(e isso já deu música
como o titulo desse poema é
propositadamente inspirado
numa peça antiga).
Lua cheia...
ah, lua cheia...
bom de apenas sentar no gramado
olhar pro céu e contemplar as estrelas.
mas eu quero mais que isso
e ando por ai de carro
o que já é suficientemente perigoso,
e eu não corro o risco de tropeçar
nas calçadas esburacadas
que a prefeitura nunca manda consertar...
(e isso não é nada poético
mas faz de conta que a vida
cometeu operação ilegal,
será fechada
e precisa ser reiniciada logo a seguir)
E eu lembro
que o garçom me (des)atendeu
não trouxe minha cerveja
e aliás eu prefiro uma vodka
- me traz uma roska de qualquer fruta
estamos conversados
e ninguem fala mais nisso...
Lua cheia, lua nova,
nem sei qual a fase da lua.
Noite de esbá, noite de cantar para a deusa
noite de dançar em ritual secreto
e eu ouço Nusrat cantando um cântico sufi
lembro das vitimas das intempéries na Asia
lembro das vitimas de todas as intemperies
e rezo pelas vítimas da eterna seca
que só vêem a cor de uma água:
o marrom da terra sem plantas
e sem comida...
(mas isso já deu filme
e não se fala mais nisso)
Lua,
eu ouço Nusrat
e penso no dia...
Surya, o sol que me traz seus raios todas as manhãs...
Abençoe minha noite
abençoe todas as noites
sagradas e profanas.
(e este é apenas um poema
escrito numa noite de verão)
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Poema de uma noite de verão
efeitos da lua minguante
Mingua a lua.
E com ela, vão-se os meus sonhos.
Meus pobres sonhos...
Eles se escondem sob o manto
Da lua negra.
Desvanecem-se em brumas
Cinzas...
Somem...
A quintessência dos sonhos
Obscurece.
É como um filme
Chegando ao último fotograma
Esperando apenas a palavra fim
Para se tornar apenas escuridão total...
Mingua a lua,
Com ela, somem meus planos,
Meus projetos para o futuro.
Paira uma sombra chamada dúvida,
Negra como a lua
Que minguou de vez
E esconde-se em seu lado oculto.
Enquanto isso,
Minha alma vaga perdida
E meu coração chora...
Corações não sobrevivem sem sonhos.
Alma não vive sem a meta dos planos.
E nada disso combina
Com a lua que começa a sumir
Nos céus.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Ao meio - Fatima Dannemann
Fatima Dannemann
Já não escrevo versos como antes.
Como se algo em mim morresse lentamente.
Ou uma luz fosse baixando aos poucos
e se apagasse.
A inspiração falha,
a motivação se esconde.
E eu apenas tento,
procuro,
e não acho...
Como se só tivesse direito
a metade da vida,
ou uma vida pela metade
15.1.2002
quatro poemas
Uma reflexão sobre a vida em forma de quase poema
Fatima Dannemann
E a vida é...
Abrir os olhos todas as manhãs
É sentir o vento batendo no rosto
É olhar para o céu e Ter certeza de que não estamos sós
A vida é saber-se centelha divina
A gota que faltava no oceano
É ver um plano adiante
De todos os planos visíveis e invisíveis.
A vida é mais do que uma seqüência de dias
Meses anos
É mais do que uma série de sonhos
É a imensidão
E o imensurável
Vida é eternidade
Materializada e etérea
A trilha da luz
Por mais sombras que houverem no caminho
Por mais que o escuro
Obscureça nossa visão
Há uma saída ali em frente
Outras vidas
Outros caminhos
Rumo ao absoluto
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Dança do meu ventre em festa - Fatima Dannemann (poema)
Quero dançar como uma odalisca
flutuar entre paredes em meio aos véus
rodopiar pelo salão iluminado
sentindo aroma de sândalo
a marcar os meus passos
tendo como público
os olhos do amado.
Quero dançar como uma odalisca,
misteriosa e sensual atrás dos véus.
Marcando meus passos com volteios na cintura
brincando com minhas mãos
que faz jogos de luz e sombra
em meio as velas...
Quero dançar como a mais bela das odaliscas,
a mais amada de todas as princesas,
e entre aos véus, aromas, velas e vinhos,
marco compassos de amor com mãos, pés
e olhares profundos
numa dança sagrada.
Quero ser uma odalisca ou dançarina
e fazer da vida meu salão dourado,
quero flutuar com a graça das princesas,
perfumada como a mais poderosa de todas as fadas,
levar a luz do amor em movimentos ritmados
provocar suspiros, arrepios,
ou apenas sonhos e saudades,
ou não provocar nada...
Quero dançar como uma odalisca
fazer do mundo o meu salão dourado.
E ser apenas eu,
princesa ou plebeia,
profana ou sagrada.
Sonho de chegada e despedida
Tudo o que ficou:
um beijo mal dado
um sonho de chegada
e despedida...
Tudo que ficou
uma noite perdida
insone e mal dormida,
um amor de novela ou de revista
ficção com ares de romantismo
que deveria estar esquecido...
Lembranças de uma festa que não houve
Memórias ficticias.
E o coração ainda chora pelo beijo não sentido...
E olhar procura longe o vulto amado
enquanto ouvidos lembram longe
as poucas palavras doces que foram ditas...
E amar...
Amar pode ser cruel
como o pior dos crimes...
Pode deixar marcas que não se apagam...
Um velho musica no CD player,
cerveja esquentando no copo,
poesias desconexas
porque as vezes sentimentos não tem mesmo pé nem cabeça
(e nem precisa)...
E o gosto do beijo mal dado permanece amargo na boca
até que venha outro beijo mais doce...
Ou que o mesmo amor aconteça...
Ou que chegue alguem de longe
ocupando as vozes, os vultos, os cheiros
e com um novo sorriso
até lembre velhos momentos...
Mas será outra vida...
Por enquanto o que ficou foram beijos mal dados
lembranças de momentos não vividos
amor apenas sonhado.
Só isso...
- detalhe: não sei como escrevi esta porcaria. detesto esse poema que não
tem nada a ver comigo
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Meus amigos morreram de overdose
Os herois de Cazuza morreram de overdose.
Meus herois também morreram de overdose.
E meus amigos
e nem tão amigos
morreram de overdose,
ou contrairam AIDS por causa das drogas.
Até os melhores alunos da sala
morreram de overdose.
Artistas de cinema morreram de overdose
astros do rock também morreram de overdose
e nas esquinas da cidade
o crack mata
um menino
anônimo
todos os dias.
No mínimo.
Quero meus heróis vivos.
Quero meus amigos vivos.
Que vivam os artistas
os astros do rock
e os meninos...
Sem overdose
e sem qualquer dose
de nenhuma droga