quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Poema de uma noite de verão

Fatima Dannemann

Lua...
Brisa quente...
Mar tranquilo
Salta uma cerveja gelada com urgencia
e eu penso na vida
olho para o horizonte e penso:
o que será que existe alem do arco-iris
(e isso já deu música
como o titulo desse poema é
propositadamente inspirado
numa peça antiga).
Lua cheia...
ah, lua cheia...
bom de apenas sentar no gramado
olhar pro céu e contemplar as estrelas.
mas eu quero mais que isso
e ando por ai de carro
o que já é suficientemente perigoso,
e eu não corro o risco de tropeçar
nas calçadas esburacadas
que a prefeitura nunca manda consertar...
(e isso não é nada poético
mas faz de conta que a vida
cometeu operação ilegal,
será fechada
e precisa ser reiniciada logo a seguir)
E eu lembro
que o garçom me (des)atendeu
não trouxe minha cerveja
e aliás eu prefiro uma vodka
- me traz uma roska de qualquer fruta
estamos conversados
e ninguem fala mais nisso...
Lua cheia, lua nova,
nem sei qual a fase da lua.
Noite de esbá, noite de cantar para a deusa
noite de dançar em ritual secreto
e eu ouço Nusrat cantando um cântico sufi
lembro das vitimas das intempéries na Asia
lembro das vitimas de todas as intemperies
e rezo pelas vítimas da eterna seca
que só vêem a cor de uma água:
o marrom da terra sem plantas
e sem comida...
(mas isso já deu filme
e não se fala mais nisso)
Lua,
eu ouço Nusrat
e penso no dia...
Surya, o sol que me traz seus raios todas as manhãs...
Abençoe minha noite
abençoe todas as noites
sagradas e profanas.
(e este é apenas um poema
escrito numa noite de verão)

efeitos da lua minguante

Fátima Dannemann

Mingua a lua.
E com ela, vão-se os meus sonhos.
Meus pobres sonhos...

Eles se escondem sob o manto
Da lua negra.
Desvanecem-se em brumas
Cinzas...
Somem...

A quintessência dos sonhos
Obscurece.
É como um filme
Chegando ao último fotograma
Esperando apenas a palavra fim
Para se tornar apenas escuridão total...

Mingua a lua,
Com ela, somem meus planos,
Meus projetos para o futuro.
Paira uma sombra chamada dúvida,
Negra como a lua
Que minguou de vez
E esconde-se em seu lado oculto.

Enquanto isso,
Minha alma vaga perdida
E meu coração chora...
Corações não sobrevivem sem sonhos.
Alma não vive sem a meta dos planos.
E nada disso combina
Com a lua que começa a sumir
Nos céus.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ao meio - Fatima Dannemann


Fatima Dannemann


Já não escrevo versos como antes.
Como se algo em mim morresse lentamente.
Ou uma luz fosse baixando aos poucos
e se apagasse.
A inspiração falha,
a motivação se esconde.
E eu apenas tento,
procuro,
e não acho...
Como se só tivesse direito
a metade da vida,
ou uma vida pela metade

15.1.2002

quatro poemas

 
Plenitude no vazio
 
Fatima Dannemann
 
Ouço o silencio
contemplando a vida
vejo a plenitude no vazio.
O mundo é uma enorme teia de buracos negros
e neste éter incompleto
é onde mora a luz
E por frestas na teia
escorrem as idéias
e eu vivo nelas...
 
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
 
Materno
 
Fatima Dannemann
 
Mãe Natureza
Beleza Eterna
Natureza Terna
 
Mãe dos ventos
Mãe dos rios
mãe da luz e do fogo
mãe do calor e do frio
 
Mãe das nuvens
e das neves
mãe das plantas
e animais
 
Mãe terra,
planeta sagrado
luz do muno
luz da vida,
centro do universo
 
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Entre as ondas
 
Fatima Dannemann
 
Que os peixes nadem
a sós ou em cardumes
contra a corrente
ou a favor das marés
que os peixes nadem
e brinquem com as ondas
e façam das águas
a sua festa
e dancem entre as borbulhas
e brinquem com as algas
e respirem por todas as guelras
e vivam...
e eu viva como eles.
 
,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
 
Riscos
 
Fatima Dannemann
 
Gosto de desenhar
corações
peixes
bonecos
patos
as vezes ursos
e cobras
sapos
as vezes tartarugas
e casinhas
e igrejas
e corações
e pequenos traços
imitando passarinhos
ou apenas ondas e linhas
e o mar é assim

Uma reflexão sobre a vida em forma de quase poema





Fatima Dannemann
 
E a vida é...
Abrir os olhos todas as manhãs
É sentir o vento batendo no rosto
É olhar para o céu e Ter certeza de que não estamos sós
A vida é saber-se centelha divina
A gota que faltava no oceano
É ver um plano adiante
De todos os planos visíveis e invisíveis.
 
A vida é mais do que uma seqüência de dias
Meses anos
É mais do que uma série de sonhos
É a imensidão
E o imensurável
Vida é eternidade
Materializada e etérea
A trilha da luz
Por mais sombras que houverem no caminho
 
Por mais que o escuro
Obscureça nossa visão
Há uma saída ali em frente
Outras vidas
Outros caminhos
Rumo ao absoluto
 
 

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dança do meu ventre em festa - Fatima Dannemann (poema)

Fatima Dannemann

Quero dançar como uma odalisca
flutuar entre paredes em meio aos véus
rodopiar pelo salão iluminado
sentindo aroma de sândalo
a marcar os meus passos
tendo como público
os olhos do amado.

Quero dançar como uma odalisca,
misteriosa e sensual atrás dos véus.
Marcando meus passos com volteios na cintura
brincando com minhas mãos
que faz jogos de luz e sombra
em meio as velas...

Quero dançar como a mais bela das odaliscas,
a mais amada de todas as princesas,
e entre aos véus, aromas, velas e vinhos,
marco compassos de amor com mãos, pés
e olhares profundos
numa dança sagrada.

Quero ser uma odalisca ou dançarina
e fazer da vida meu salão dourado,
quero flutuar com a graça das princesas,
perfumada como a mais poderosa de todas as fadas,
levar a luz do amor em movimentos ritmados
provocar suspiros, arrepios,
ou apenas sonhos e saudades,
ou não provocar nada...

Quero dançar como uma odalisca
fazer do mundo o meu salão dourado.
E ser apenas eu,
princesa ou plebeia,
profana ou sagrada.

Sonho de chegada e despedida

Fatima Dannemann

Tudo o que ficou:
um beijo mal dado
um sonho de chegada
e despedida...
Tudo que ficou
uma noite perdida
insone e mal dormida,
um amor de novela ou de revista
ficção com ares de romantismo
que deveria estar esquecido...
Lembranças de uma festa que não houve
Memórias ficticias.

E o coração ainda chora pelo beijo não sentido...
E olhar procura longe o vulto amado
enquanto ouvidos lembram longe
as poucas palavras doces que foram ditas...

E amar...
Amar pode ser cruel
como o pior dos crimes...
Pode deixar marcas que não se apagam...
Um velho musica no CD player,
cerveja esquentando no copo,
poesias desconexas
porque as vezes sentimentos não tem mesmo pé nem cabeça
(e nem precisa)...

E o gosto do beijo mal dado permanece amargo na boca
até que venha outro beijo mais doce...
Ou que o mesmo amor aconteça...
Ou que chegue alguem de longe
ocupando as vozes, os vultos, os cheiros
e com um novo sorriso
até lembre velhos momentos...
Mas será outra vida...
Por enquanto o que ficou foram beijos mal dados
lembranças de momentos não vividos
amor apenas sonhado.
Só isso...

- detalhe: não sei como escrevi esta porcaria. detesto esse poema que não
tem nada a ver comigo

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Meus amigos morreram de overdose

Fatima Dannemann

Os herois de Cazuza morreram de overdose.
Meus herois também morreram de overdose.
E meus amigos
e nem tão amigos
morreram de overdose,
ou contrairam AIDS por causa das drogas.
Até os melhores alunos da sala
morreram de overdose.
Artistas de cinema morreram de overdose
astros do rock também morreram de overdose
e nas esquinas da cidade
o crack mata
um menino
anônimo
todos os dias.
No mínimo.
Quero meus heróis vivos.
Quero meus amigos vivos.
Que vivam os artistas
os astros do rock
e os meninos...
Sem overdose
e sem qualquer dose
de nenhuma droga