terça-feira, 7 de março de 2017

Mau Dormir



manhã fria
quarto deserto
a melancolia
da cama desfeita
marcas da noite
marcas da insonia
e da incerteza

Fatima Dannemann

(esclarecimento: essa poesia foi feita para um "exercicio poético" de um grupo da net. são versos toscos, reconheço, baseados em uma imagem bizarra)


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pares trocados em desencontros conformados

Fatima Dannemann

Dançam corações e corpos
na pista de dança
como se rezassem
para curar feridas.
Deslizam pela pista
em pares descompassados.
Olhos que buscam outros olhos,
corações que choram
e expulsam
uma ilusão perdida.
Dançam pares trocados,
olhares ímpares e
corações quebrados,
olhares que se cruzam tristes
num baile louco
das desilusões da vida.
E a música prega peças,
como se cupido lançasse setas tortas
e a vida se transforma numa festa doida
onde o amor é uma babel confusa
e não há lugar para sonhos...
Pares dançam em desencontros conformados,
a musica geme como um suspiro triste
amores que chegam e vão embora
numa dança fugaz
e apenas isso.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Anônimo Amigo



Fatima Dannemann



O melhor amigo de todos os poetas
É o leitor . Sim, o leitor...
Este anônimo amigo
Que transcende o tempo,
Extrapola as eras
E mergulha de corpo e alma
Num verdadeiro banho de letras.
Leitor, inseparável companheiro de todos os poetas
O que fica em silêncio meditando nas palavras
Pensando nos sentidos,
Viajando em cada estrofe, verso, figura
Sintonizando-se com a poesia.
A musa muitas vezes desdenha o poema
- ou o poeta –
Os críticos? Ah, esses...
Eles procuram nós em pingo d’água
E simplesmente saem apontando defeitos formais
Erros fatais...
Como se arte, literatura e poesia
Precisasse ter a precisão exata da ciência.
Estudantes? Ah, esses lêem por obrigação.
As vezes decoram versos para declamar
Nas festinhas da escola.
E, na maioria das vezes, é tudo.
Não, o melhor amigo do poeta
É o leitor.
Leitor comum e anônimo,
Aquele que sente na pele e na alma
Cada sentido e cada som,
Cada sentimento,
Todos os cantos
E todos os lamentos
E que ao ler os versos com toda sua alma presente
Se faz parceiro do poeta,
Um grande amigo,
Quase uma alma gêmea.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Noite dos amantes

Fatima Dannemann

Noite e o vento como açoite
chicoteia nuvens
e chove...
Noite.
Na caixa
o ultimo som da festa que se acaba
no poste, ultimo lampejo de luz
antes da madrugada...
Noite...
E estrelas piscam docemente
lembrando que
a noite é dos amantes...
E alguem canta
do you believe in love at first sight...
e respondem
que todo amor acontece a primeira vista
ou a primeirva vista
ou a primeira voz
ou num momento qualquer que sempre será o primeiro
o primeiro suspiro
após o primeiro beijo
ou o primeiro gemido
após a primeira noite,
o primeiro sol
após a noite dos amantes...
e alguem canta
e faz juras de amar eternamente na chuva ou no sol
enquanto as estrelas falam sobre a noite...
E o vento que corta como açoite pede aconchego
e a chuva que molha a grama dormente
abençoa os beijos que pipocam entre goles de champanhe...
Morangos com creme derretem numa taça
como beijos na sacada
enquanto uma guitarra ponteia
o ultimo som do baile que termina...
E é noite...
Hora de chegar pra cá e pra lá...
Momento de ficar a sós com mais alguem
e ai...
existirá apenas um segredo...
existirão apenas paredes como testemunhas...
E o vento que corta convida ao aconhego
e a lua lembra que a noite é dos amantes
no poste, os ultimos raios de uma luz fria
antes da madrugada...
And do you believe in love at first sight?
E alguem acredita em amor a primeira vista
ao primeiro toque
ao primeiro beijo
ao primeiro bom dia após a noite
que é dos amantes
com consentimento da lua.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Anjo sem asas

by Fatima Dannemann

Sonhei com um anjo...
Um anjo sem asas,
um anjo sem céu...
Mas era um anjo e flutuava
em meus pensamentos
como se quisesse dominar
a minha mente
e perambulava no coração
como se dominasse a minha alma...
E eu pedia: "voa, anjo".
Resistia.
Mas o anjo teimava e teimava e teimava...
Olhava seu rosto difuso,
seu corpo sem asas
e ele sorria e me olhava,
como se me hipnotizasse...
E eu falava, e ele parecia não ouvir.
Me dominava
mas parecia ser auto-suficiente
como parecem ser todos os anjos...
E me deixei levar pelo anjo,
um anjo sem asas.
Mas os sonhos não duram...
E quando, justamente quando,
cedia a seus encantos...
Acordei...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Resposta à luz do luar

Fatima Dannemann

Não,
não me tente lua...
Eu falei que nunca mais voltaria a escrever poemas
não há lugar para poemas
em minha louca vida pós-moderna.
Não fique ai dançando alva, redonda e bela,
lançando sua luz de prata sobre mim
e me pedindo para
por apenas um minuto
apagar todas as luzes,
sentar no escuro,
acender velas, incensos,
me sintonizar com a poesia e escrever alguma coisa...

Não,
não me tente, lua...
Jamais acertarei a escrever
de novo sequer um verso como os de antes.
Mudou a vida, mudaram-se os momentos...
Jamais conseguirei inspiração
suficiente, lua,
para achar a vida mágica
como eu achava em outros tempos...

Não
não mais poesia, lua,
não mais magia, senhora de todos os mundos,
não mais versos, deusa de lotus branca...
Mesmo descoberta pelas nuvens da incerteza
que enfim te deixam,
mesmo que seus raios
caiam
leves sobre minha cabeça,
ainda que sua luz me abençoe,
mãe de todas as estrelas,
jamais conseguirei ter uma intenção tão pura
como as de outro tempo,
jamais conseguirei escrever versos como antes.

Plenitude no vazio

Fatima Dannemann

Ouço o silencio
contemplando a vida
vejo a plenitude no vazio.
O mundo é uma enorme teia de buracos negros
e neste éter incompleto
é onde mora a luz
E por frestas na teia
escorrem as idéias
e eu vivo nelas...