sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Resposta à luz do luar

Fatima Dannemann

Não,
não me tente lua...
Eu falei que nunca mais voltaria a escrever poemas
não há lugar para poemas
em minha louca vida pós-moderna.
Não fique ai dançando alva, redonda e bela,
lançando sua luz de prata sobre mim
e me pedindo para
por apenas um minuto
apagar todas as luzes,
sentar no escuro,
acender velas, incensos,
me sintonizar com a poesia e escrever alguma coisa...

Não,
não me tente, lua...
Jamais acertarei a escrever
de novo sequer um verso como os de antes.
Mudou a vida, mudaram-se os momentos...
Jamais conseguirei inspiração
suficiente, lua,
para achar a vida mágica
como eu achava em outros tempos...

Não
não mais poesia, lua,
não mais magia, senhora de todos os mundos,
não mais versos, deusa de lotus branca...
Mesmo descoberta pelas nuvens da incerteza
que enfim te deixam,
mesmo que seus raios
caiam
leves sobre minha cabeça,
ainda que sua luz me abençoe,
mãe de todas as estrelas,
jamais conseguirei ter uma intenção tão pura
como as de outro tempo,
jamais conseguirei escrever versos como antes.

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