quinta-feira, 26 de junho de 2008

poetrix high tech

Fatima Dannemann


O que mais me impressiona
nas cidades americanas
é que seu horizonte tem sempre arranha-céus...

sábado, 21 de junho de 2008

Azul como a neve branco-azulada

Azul como a neve branco-azulada

Fatima Dannemann

Quando a madrugada cai
E o novo amanhecer se avizinha
Eu penso frescuras.
Ouço a musica de Pinóquio
Imaginando: a terra é azul
Porque o céu é azul, o mar é azul
E quando vejo fotos de montanhas
Até a neve parece meio azulada.
E eu visualizo a Fada Azul
Castigando meninhos mentirosos
Deixando seus bonecos de plástico
Continuar sendo bonecos de plástico
Porque certas alquimias...
Ah, as alquimias
Eu sonho transformar meus sonhos em ouro
Ouro como raios de sol de verão
E sonho com o brilho da manhã
E vejo a chuva
Ouvindo o vento soprando entre a persiana.
É apenas madrugada.
Manhã ainda distante
Como o mais aberrante
De todos os sonhos
E a vida é assim: azul como o planeta
E eu vejo a vida azul
Porque é a cor do meu jeans
E ouço um rock enquanto tomo um conhaque.
O vento lá fora me lembra o frio
E é apenas verão.
Mas quem para quem viu neve em Veneza,
Tudo é possível
Até os sonhos mais distantes,
Longínquos como montanhas que subo de carro
Ou teleférico para abrir a boca
Lá do alto enquanto eu digo
A vida é azul,
Azul como a terra
Ou o branco azulado da neve das montanhas...
E eu me dou ao luxo de pensar frescuras
Durante a madrugada.

Anônimo Amigo



Fatima Dannemann

O melhor amigo de todos os poetas
É o leitor . Sim, o leitor...
Este anônimo amigo
Que transcende o tempo,
Extrapola as eras
E mergulha de corpo e alma
Num verdadeiro banho de letras.
Leitor, inseparável companheiro de todos os poetas
O que fica em silêncio meditando nas palavras
Pensando nos sentidos,
Viajando em cada estrofe, verso, figura
Sintonizando-se com a poesia.
A musa muitas vezes desdenha o poema
- ou o poeta –
Os críticos? Ah, esses...
Eles procuram nós em pingo d’água
E simplesmente saem apontando defeitos formais
Erros fatais...
Como se arte, literatura e poesia
Precisasse ter a precisão exata da ciência.
Estudantes? Ah, esses lêem por obrigação.
As vezes decoram versos para declamar
Nas festinhas da escola.
E, na maioria das vezes, é tudo.
Não, o melhor amigo do poeta
É o leitor.
Leitor comum e anônimo,
Aquele que sente na pele e na alma
Cada sentido e cada som,
Cada sentimento,
Todos os cantos
E todos os lamentos
E que ao ler os versos com toda sua alma presente
Se faz parceiro do poeta,
Um grande amigo,
Quase uma alma gêmea.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Estações

Fatima Dannemann

Que a vida se abra por inteiro,
como uma pétala de flor
ou um raio de luz
em toda sua intensidade.

Que a vida se faça por completo,
como a mais bela das flores
no auge da primavera
que abre suas pétalas
ao amor das borboletas...

Que a vida flutue ao sabor do vento,
mansa ou intensamente,
mas seja o presente
um prenúncio do futuro...
O amanhã? que venha o amanhã,
sereno ou forte.

Mas enquanto isso,
que a vida se faça presente,
inteira, bela como a mais bela
das estações do ano e do universo,
plena e rica

Senhora da Magia

Fatima Dannemann

Dama da Lótus Branca
Luz prateada
envolta por um halo azul

Dama que sorri
rosada como a ternura
cálida como um carinho

Deusa, mãe da magia
derrama sua luz sobre a terra
e abençoe os filhos de Eva
degredados ou não.

Lavagem

Fatima Dannemann

Chove
As águas lavam as ruas
vão-se as impurezas
fica a certeza
de belos dias

terça-feira, 3 de junho de 2008

Olhos de Luz



Felinos
têm olhos iluminados
e um porte elegante
de quem se sabe
de familia nobre.
Felinos têm olhos de luz
farois que iluminam a noite
e transformam a escuridão
em algo corriqueiro e banal
como uma brincadeira de criança.
Gatos, tigres, leopardos,
linces, onças, panteras,
meigos ou feras,
os felinos se sabem grandes
e importantes.
Suas garras deslizam macio
pelos telhados.
Miam para as estrelas reluzindo
o verde dos seus olhos,
faróis que transformam a noite em brincadeira.
Felinamente, olhos que brilham
são olhos de gato,
ou de leão, de leopardo,
os olhos de luz traem a camuflagem
de seus pelos rajados e tigrados.
Felinos têm olhos de luz,
descargas elétricas que
dão a noite um ar de mistério...

Domingueiro II

Fatima Dannemann

Domingo é dia de contar as horas
é dia de cortar as horas
é dia de cortar as aparas
é dia de cortar as amarras
e botar a vida em dia...
Domingo é dia de arrastar-se
num far niente que nem sempre é doce
num descanso que nem sempre é mole
numa festa que as vezes cansa
numa falta de obrigação obrigatoria
Domingo é dia de sentir falta
é dia de sentar na varanda
ligar o rádio e ouvir uma musica qualquer
um som aleatório
e apenas zanzar pelos pensamentos
como alguem que apenas passa pela vida
Domingo é dia de lembrar
outros domingos
segundas, terças, quartas-feiras
dia de planejar semanas inteiras
lembrar sonhos esquecidos
planejar o impensavel
fazer da vida um monumento a preguiça...
Domingo é dia de contar as horas
de cortar lembranças
de curar feridas
de sarar doenças
de sair pela ruas ou ficar em casa
e receber visitas
contar piadas
cortar saidas...
Domingo hora de esperar a noite
e contar as horas
para a segunda-feira.