sexta-feira, 26 de junho de 2009

PEDAÇOS DE LETRA

 
Fatima Dannemann

Contemplo a noite
sem estrelas
a procura de versos
Encontro sombras
que escrevem
palavras partidas
e chamam de poesia
E quando pedaços de letra
precisarei escrever
até formar frases completas
que traduzam o que sinto?

Não sou poeta, nem deusa
apenas andarilha
pela vida
no claro e no escuro
entre nuvens e sol
entre lua e estrela.
Na esquina mais próxima
uma falsa boneca vestida de careta
se transforma em fantasma
mas não me assombra.
E ela parte frases
dizendo que são versos
e ela escreve coisas sem sentido
e diz que são rabiscos
outros lhe chamam de poeta.
E eu cato verbos.
Coisas aqui e ali.
Junto as palavras
num quebra-cabeça de emoções
e não traduzo o que sinto.

Choro
e quando choro são lágrimas perdidas
que escorrem furtivas
e ninguem nem vê.
A fantasma dos cabelos de milho
ri da minha cara se sentindo vitoriosa,
mas eu não jogo nenhum jogo.
Não sou poeta - eu grito.
Não escrevo quebrado - explico.
Apenas junto palavras
frases aqui, ali...
pedaços de letra...
e quanto terei que escrever
até ouvirem o meu grito?

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