quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sobre a chuva antes do verão e as musicas de minha lembrança

Fatima Dannemann

Chove
Em pleno novembro
quase verão
e chove
e eu ouço alguem
cantando em francês
uma musica que fala da Lua
e eu ouço uma musica
sobre a lua
em plena luz do dia...
Chove
e eu leio o jornal
procurando noticias
sobre o jogo do Bahia.
Raios de sol cortam
os pingos de chuva
raios de sol iluminam
nuvens
e é quase dezembro
mas não tem sol
na capital do verão
e eu ouço uma musica em frances
que fala sobre a vida
mas não é a c´est la vie
da minha adolescencia
de rock progressivo
e não é a mesma vida
de minha adolescencia
quase punk
é apenas um dia como outro dia
de céu sem sol
num quase dezembro
num quase verão
que chove
e eu sinto o cheiro da terra molhada
entre motores de carros que correm
e choro
e peço a algum deus que me dê noticias
e já não ouço ninguem cantando em frances
os rocks progressivos ficaram pra trás
junto com os eclipses ocultos e revelados
entre blues do djavan e do BB King
e eu estou triste e escrevo uma poesia
e fico alegre e escrevo uma poesia
e fico zen e leio uns versos
Thich nah hahn faz as cabeças
dos alunos da aula de yoga
e eu medito no vazio
no oco da toca de um bebê descerebrado:
filhos que as mães não querem ter...
e ouço Djavan cantando enquanto chove
se acontecer...
se acontecer...
e é preciso fazer nunca esperar
nunca torcer a não ser pelo meu time...
e eu fico triste e escrevo uma poesia
e fico alegre e rabisco certos versos
palavras inteiras, frases, sentimentos transmutados
e me permito ter saudade de tempos remotos
e me permito chorar por chuvas escoadas
por leite derramado...
e pego a mochila de lembranças
e sigo na estrada da vida
numa trilha sonora
de rocks saudosistas...

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